Quem eu me tornei?

Tive muito tempo para pensar nos últimos dias…

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Onde foram os sonhos coloridos, regados a doces e arco-íris? Onde está aquele olhar infantil, aquele sorriso inocente? Será que se quisermos viver estamos destinados a simplesmente crescer? Ao viver percebemos que a vida não é regada a sonhos e coisas boas, mas é justamente esse oposto. O viver não permite que sejamos para sempre inocentes, o mal realmente está em todo o lugar.

Meus pais costumavam dizer que crescer é uma coisa ótima. Parece ser difícil se libertar da infantilidade, mas uma vez na vida adulta me disseram que não gostaríamos de voltar a infância. Mas isso significa que sempre terei comigo uma sombra infantil. Algo que sempre irá me remeter as pequenas alegrias do passado, em como era bom simplesmente brincar…

Crescer parece-me mais algo em que devemos nos adequar as regras sociais. Em que devemos simplesmente ser limitados por algo que esperam de nós, por algo que almejamos ser, mas não por aquilo que realmente somos. Dinheiro, roupas, sexo, bebidas, drogas substituem o que antes era doce e inocente.

Os prazeres que tanto dizem que são bons anestesiam nossa mente. Dizem que essa liberdade de fazer sexo, de poder beber, dirigir e ir para qualquer lugar será melhor do que as coisas que uma mente sonhadora pode gostar. Mas quem disse isso? Quem me conhece o suficiente para dizer o que vou gostar mais e o que vou deixar de gostar? Isso não é ser livre. É somente uma falsa ideia de liberdade.

A verdade é… eu não gosto de quem me tornei.

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O diário de alguém que deixou de usar a internet.

Não tenho certeza se alguém chegou a notar minha ausência das redes sociais. Mesmo que ninguém tenha notado (até porque não sou tão especial assim) resolvi criar esse texto para falar alguns motivos que me levaram a deixar de usar as redes sociais, e a internet no geral. E se alguém se interessar por alguns pensamentos mais íntimos desse indivíduo insignificante que vos escreve, achará uma forma de matar o tédio.

E por falar em tédio, esta uma palavra muito usada recentemente, não acham? Me parece que a maioria dos usuários enfrenta o tédio. Não tem nada para fazer online, mas mesmo assim continua atualizando o twitter, continua desesperadamente procurando algo para fazer. Vejo essa fixação pela rede algo muito prejudicial, e um dos grandes motivos que me levaram a me ausentar.

Vocês sabiam que os efeitos de utilizar o computador e navegar na internet ativam as mesmas áreas do cérebro que as de um usuário de cocaína e crack? Drogas tão prejudiciais e altamente viciantes tem o mesmo efeito do que simplesmente “surfar” pela web. Foi chocante saber disso, e além, saber que o vício em computador é tanto psicológico como físico. Te prende na frente de um monitor fazendo coisas fúteis enquanto tu poderia estar fazendo qualquer coisa mais produtiva. E esse foi um dos grandes pontos que me levou a me afastar desse mundo virtual. Tenho tantas coisas para ler, estudar, assistir, escrever. Mas estava deixando de realizar tais coisas para ficar no meu quarto… entediado.

Mas vejamos por outro lado. O que fazemos na internet? Vocês já pararam para analisar o que vira meme, ou o que faz sucesso? Vai explicar para algum parente mais velho o que é a Gina indelicada, que um guri anos fez sucesso copiando respondendo pessoas com respostar mal-educadas. Ou que passamos quase cinco meses falando de “mamilos polêmicos”¹. Vocês não percebem que o que explode na rede é cada vez mais idiota, cada vez mais tosco…?

Ou coisas que eu fazia. Ficava discutindo com seres que possuem meio cérebro, que por lerem 3 aforismos de Nietzsche e 2 páginas de Schopenhauer achavam que podiam desprezar Kant (dica: a mais 6 meses estudando Kant ainda sei que não o compreendo, e posso dizer que o cara apesar de muito racionalista era foda), achavam que sabiam algo de filosofia, que tinham capacidade para ir além do mero senso comum. Aguentar o mimimi, críticas infundadas e pessoas que excediam a capacidade humana de ignorância, além de ser odiado por meia dúzia de wanna be socialista de escola privada, e umas femistas que precisam ser apresentadas a uma gilete.

Vamos entrar em um acordo. Eu realmente tenho mais coisa para fazer do que isso. E digo mais, todos nós temos mais coisas a fazer do que ficar inseridos em um ambiente extremamente saturado das mesmas coisas, das mesmas pessoas idiotas, das mesmas piadas, das mesmas escrotices. Tudo se repete na web, é só observar o que houve com Gangnam Style. Até eu, longe da internet, fiquei sabendo que houve pelo menos outras quatro outras versões da música, fora (imagino eu) a quantidade extrema de piadinhas que fizeram por ai.

Com tudo isso em mente, me proibi de entrar na web. E sabem de uma coisa? Foi uma das melhores escolhas que fiz. A quantidade de coisas que tenho lido praticamente triplicou. Chego a ficar surpreso com a quantidade de tempo livre que tenho. Pude tocar violão, ler, escrever, caminhar, e ainda sobra tempo para descansar. É maravilhoso!

Dito isso, não pretendo mais estender este texto. Vocês ainda vão ler as coisas que escrevo aqui no blog. Se eu tiver algo interessante para falar escreverei aqui e posto no twitter/facebook. Se quiserem dar sua opinião, ou até mesmo fazer uma pergunta comentem aqui no blog, lerei os comentários sempre que vir escrever um novo texto. Esse será o único lugar na web que conseguirão se comunicar comigo por enquanto. Deixo avisado que minha ausência é temporária. Voltarei quando conseguir me equilibrar e tiver mais controle sobre o tempo que fico online. Até a próxima!

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Nota: Eu ainda utilizo a internet, sei que é impossível viver sem ela nos dias de hoje, mas estou limitado à meu e-mail, pesquisas relevantes e o blog.

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¹ Ideia retirada de um vídeo do Izzy Nobre.

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