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Archive for Fevereiro, 2013

E ai, tu se lembra? Provavelmente agora que falei tu deve ter se lembrado daquela mulher que matou o yorkshire a pancadas em dezembro de 2011 (poxa cara tá tirando coisas do fundo do baú!). Mas e ai, tu ainda se importa com o Yorkshire e sua assassina? Não minta, certamente não. Mas para explicar para quem não estava na internet aquela época, irei recapitular. Em 16 de Dezembro (ou por volta desta data) caiu na internet um vídeo de uma mulher matando um Yorkshire a pancadas. Tu já podes imaginar o que aconteceu depois. A internet se mobilizou! Protestos, imagens, mensagens de ódio e pessoas dando o seu suporte ao falecido cão pipocaram em todas as redes sociais existentes. Yorkshire chegou a ser Trending topic por uma semana (ou um dia).

Enfermeira mata cachorro Yorkshire na pancada

“Assassina!”

Nessa época eu falei que esses “protestos” não iriam durar nem uma semana e logo todas as garotas politicamente corretas e socialmente engajadas já teriam esquecido do tal do cachorro, e ninguém mais se importaria com esse assunto. Bem, o que aconteceu? Exatamente isso! depois de algumas semanas ninguém mais falava na mulher ou no cachorrinho. Era como se nada disso tivesse acontecido.

Todo mundo sabe muito bem que as coisas que explodem na internet costumam sumir com a mesma velocidade. Mas esse acontecimento de protesto por justiça (justiça pela morte de um mísero cão) terminou tão rápido quanto começou. Na época todo mundo se importava com o Yorkshire, chamavam a mulher de assassina. O tempo passou, muitos se esqueceram, e os que ainda são capazes de se lembrar desse fato não se importam mais. Isso levanta um problema muito sério desse ativismo de sofá, a velocidade com que as pessoas se esquecem das causas. Na internet ninguém segue um acontecimento do início ao fim, param na metade e logo mudam para uma causa muito mais nova.

Hoje é um protesto diferente, é uma nova causa social que está em alta (Renan Calheiros, alguém?). Mas será que irá acontecer justamente a mesma coisa que o Yorkshire? Provavelmente sim (já quase não protestam mais contra esse tal de Renan), processos que levam tempo para serem julgados perdem a força justamente pela rapidez com que as pessoas perdem o interesse pelo assunto. É só pensar em quanto tempo demorou para o mensalão ser julgado. Se dependesse da fiscalização do povo virtual, esse escândalo teria facilmente sido esquecido.

O que me parece é que no Brasil tudo são Yorkshires. Ou como minha avó dizia, é fogo de palha. Queima rápido, mas apaga tão rápido quanto. Que tal escolher apenas uma causa e lutar por ela até o fim? Acho que assim as coisas poderia ao menos se realizar, e não simplesmente serem lançadas para esquecimento assim que algo mais novo aparece.

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Nota Inicial: A primeira parte deste texto é na verdade uma grande paráfrase do primeiro capítulo dolivro de um de meus professores. Tal livro foi o que me inspirou a entrar na filosofia. Eu não utilizei de citações diretas ou indiretas para não poluir o texto. Ao final poderão achar as referências para o livro, apesar de eu achar que é impossível acharem ele a venda.

Segunda nota: Essa é uma crítica apenas as pessoas que seguem suas ideologias de forma radical, não a todas as ideologias em sua totalidade. Saiba a diferença.

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Viver é algo imprevisível. Se existe um fato ou uma verdade essa é a questão mais próxima que podemos chegar a disso. Nunca sabemos o que irá acontecer no momento seguinte até que ele chegue. Podemos fazer previsões, mas nunca saberemos se elas irão se realizar. Podemos planejar uma viajem, mas não sabemos como estará a situação no dia seguinte, pode acabar a gasolina do carro, pode chover, você pode ficar doente, algum parente pode morrer, um meteoro pode cair em sua casa… enfim, uma infinidade de possibilidades. Mas digamos que tudo esteja certo para que a viajem vá acontecer, você pode simplesmente mudar de ideia, e seus planos passarão para não ir mais.

Mas mesmo em meio a esse caos de possibilidades o ser humano ainda procura determinar um ritmo para suas vidas, as horas, as estações, os anos, a economia, o ensino, as classes sociais… Essa ordem em que vivemos é apenas uma tentativa desesperada de organizar o caos que é nossa vida. Para fugir desse caos, da possibilidade de morte a cada segundo, nós planejamos. Procuramos prever e nos antecipar da melhor forma possível, pensamos no futuro e o tentamos organizá-lo. E isso pode ser muito perigoso, pode acontecer de alguns seres humanos tentarem controlar esse caos, tentarem criar o ritmo perfeito.

Parece que certas pessoas possuem a utopia do mundo perfeito (perfeito segundo suas concepções). Essas pessoas acabam buscando o poder, poder para controlar o caos. E uma vez que não é possível controlar a vida em si eles procuram controlar a única coisa que está ao alcance deles, ou seja, a vontade humana. Controlando a educação, o conhecimento e a liberdade eles irão controlar uma parte importante do caos: o ser humano. Já que é difícil controlar todo o resto, é só retirar a liberdade, a opinião e o ponto de vista contraditório. Mas a democracia deve existir, a liberdade deve permanecer.

Sem o caos não existe vida, não existe a liberdade. Essas pessoas que buscam o poder podem pensar que ao controlar a sociedade estarão fazendo um bem a ela, mas estão enganados, pois o que resta ao ser humano se sua liberdade for retirada?– Fim da paráfrase – E o que acontece atualmente é justamente essa busca por poder por muitos radicais em suas ideologias, como feministas,veganos, ateus e esquerdistas. Eles buscam o poder para mudar e controlar a vontade humana.

Tomemos o exemplo das feministas radicais, dos veganos, ateus, esquerdistas, ativistas do PT, ou qualquer outro grupo que tente impor sua vontade perante os outros. Muitos desses grupos já mostraram que estão dispostos a fazer de tudo para conseguir esse poder sobre as vontades humanas, até mesmo “jogar sujo”. Imagine um mundo onde tu não possa escolher mais o que vestir, o que comer, o que ouvir, comprar, ou o que irá fazer durante a tarde. O problema é que eles utilizam a estratégia de eliminar qualquer tentativa de oposição as suas ideias. Quem vai contra eles está errado, é considerado o vilão. Eles tomam toda a crítica as suas ideias como críticas pessoais.

A busca pelo poder é um veneno. Quando essas pessoas o provam procuram sempre mais. A democracia, mesmo que frágil deve permanecer, as pessoas ainda devem ter sua liberdade. Por mais que tais ideologias acreditem, os seres humanos não precisam de um pastor. Eles precisam sim de normas de conduta, uma moral e uma cultura. Mas não são crianças para que sempre tenham que depender de alguém. Se essas ideologias realmente quisessem indivíduos capazes de fazer suas próprias escolhas, não procurariam tanto assim limitar as ações humanas.

Referência:

LARENTIS, Milton. A vida das Idéias. Experimentos 1988-2008. Bauru: Canal 6, 2008.

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Afinal, existe um certo e um errado? E o belo e o feio, existem? Será até mesmo que o bem e o mal podem ser julgados? Em uma era onde a relatividade afetou o estado do que é possível conhecer, será que poderemos chegar a uma verdade absoluta? A resposta para isto é que não existe uma verdade absoluta, apenas um modelo para se chegar a uma certeza ou construir o conhecimento limitado, que não consegue compreender toda a realidade. Existem muitas formas de chegar até ele, e dentro dos parâmetros usados esse conhecimento será válido, mas não será absoluto.

Esses parâmetros podem ser entendidos de duas formas, a primeira é o método científico, ou o conjunto de regras que uma área da ciência utiliza para julgar um conhecimento novo como válido ou não. Esse parâmetro muda de área para área (a forma como um físico conduz suas pesquisas é muito diferente da de um biólogo). E a segunda forma, mais popular, é através de uma ideologia. Mas o que é essa tal de ideologia? A ideologia como foi definida por Antonio Gramsci é dividida em três níveis: filosófico, comunicional e senso comum.

Uma ideologia surge a partir de um trabalho teórico de algum estudioso (Marx por exemplo). O problema é que esse conhecimento é muito complexo para as classes sociais mais baixas, ou pessoas que não estão no meio. Dessa forma, alguma estrutura social como a mídia, militantes, chatos de facebook, etc… Tratam de entender esse conhecimento, simplificá-lo, e passá-lo adiante. Em uma sequência de releituras o conhecimento original distorce e simplifica até entrar no senso comum. Quando ele entra no senso comum vira um comum acordo entre as pessoas. Tomemos o voto feminino como exemplo. Ele surgiu a partir de movimentos teóricos e aos poucos foi se disseminando pela população, hoje ele é aceito por praticamente todos, não é mais questionado.

Dessa forma, podemos entender que a ideologia, para Gramsci, em última instância é o conjunto de ideias e práticas que algum grupo usa para explicar e entender o mundo, e dele produzir um novo conhecimento. É impossível ser neutro a todas as ideologias, mas em uma época em que o conhecimento é relativizado chega a ser impossível explicar e entender o mundo com apenas alguma ideologia. Por isso que muitas pessoas que seguem apenas uma acabam sendo muito chatas, pois elas acabam com uma percepção da realidade limitada apenas a poucos fatores.

É incrível como ideologias fazem com que feministas, esquerdistas, vegans, ateus, religiosos (todos que são extremistas) tenham a certeza de estarem certos, e o mundo todo está ou errado, ou contra eles. Parecem tratar as pessoas ao seu redor como: se não está a meu favor está contra mim. A questão é: Se alguém acha que conhece e segue uma verdade absoluta, essa pessoa só pode ter se alienado perante uma grande parte de sua realidade.

No final não existe certo e errado, ou bom e ruim. São apenas pontos de vista. Como disse Nietzsche, não existem fatos, apenas interpretações. Cada um percebe a realidade da sua própria forma. Não existem dois seres humanos com pontos de vista exatamente iguais e que percebam o mundo exatamente da mesma forma. Obrigar pessoas a concordarem contigo por seja lá qual for o motivo é simplesmente estupidez. Mais do que isso, é uma tentativa de passar a tua alienação para outras pessoas.

Não podemos julgar que alguma coisa seja boa para a maioria, pois somos incapazes de prever as consequências em longo prazo. Não podemos dizer o que é melhor para a sociedade. Grandes atrocidades já foram cometidas pelo “bem maior”. Todos os grandes ditadores da terra acreditavam estar fazendo um bem para a sua população. Nenhum deles se via como uma má pessoa. Al Capone, que chegou as ser considerado inimigo público número um dos Estados Unidos, disse que não entendia porque era odiado uma vez que ele provia diversão para a sociedade. TwoGun, um pistoleiro também dos Estados Unidos escreveu em uma carta (antes de morrer em um tiroteio contra a política) que possuía um coração cansado incapaz de ferir o mais indefeso dos animais. Esse mesmo assassino foi capaz de matar um policial a sangue frio quando o parou em uma estrada.

Ninguém consegue perceber a si mesmo como o vilão. Para nós todos somos os heróis, todos fazemos o melhor para as pessoas ao nosso redor. A mente humana é capaz de adaptar e modificar informações para que elas sejam aceitas para nossos valores, para a ideologia em que acreditamos. Enquanto um ateu vê a religião como algo ruim, um religioso vê em sua religião como a única coisa que pode ajudar a sociedade. Mas quem realmente está certo? Não somos capazes de dizer. Apenas interpretamos a realidade da nossa forma para julgar um certo e errado que é mais aceito por nossa cultura.

O que chega a ser engraçado é que quanto mais tu acreditar em tua crença, mais tu acabarás fazendo o contrário dela, e sem perceber. Um homem que é contra a pornografia pode começar a assistir todos os tipos com a justificativa de que ele precisa aprender mais sobre ela. Um Ateu pode começar a discriminar religiosos, justo quando ele mais reclama da discriminação por crença. Se existe uma forma de evitar isso, é não ser tão extremista em suas convicções, ou ideologias. A melhor forma é ao menos tentar entender a forma como as outras pessoas percebem o mundo, e ter em mente que tudo muda, até mesmo ideias.

Para uma convivência em sociedade se faz necessária a tolerância. Não existe uma verdade que sirva para todas as pessoas, não existe apenas uma forma de ajudar as pessoas. Não existe um bem supremo que ajude a todos. Fazer com que pessoas sejam obrigadas a certas atitudes é remover a liberdade humana, e não queremos outra ditadura. O melhor é procurar entender o outro lado e aproveitar o que ele tem de bom, quem sabe assim dessa forma possa existir um diálogo, e não uma discussão. Viver é estar mergulhado em caos, e desse caos não existe apenas uma ordem.

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Nota final: Esse texto surgiu de uma sugestão de uma leitora. Caso tenham sugestões de tópicos para que eu escreva, podem sugerir! Mesmo que eu possa demorar para escrever, adoro receber esse tipo de feedback.

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