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Posts Tagged ‘filosofia’

O solipcismo é um problema filosófico que consiste na pergunta: O que nos prova que o Outro de fato existe e não é somente uma criação da minha cabeça? Em resumo ele trabalha com a questão da solidão do Eu. Visto por cima parece um problema simples, até mesmo fútil, afinal o outro deve existir, eu posso falar com ele, tocá-lo. Porque deveria duvidar da sua existência? Contudo por mais que tu possas tocar nesse outro, sentir seu calor, e ouvir suas palavras, jamais terá acesso aos seus sentimentos verdadeiros, seus pensamentos ou à mente dele, o que diferencia o outro “humano” de um robô, por exemplo?

Se nossos sentidos são percebidos pelo nosso cérebro, e muitas vezes facilmente distorcidos, enganados, como podemos saber o que é real e o que não é? Acredito que a primeira aparição desta pergunta aparece com Descartes, quando ele usa da dúvida para questionar tudo ao seu redor. O cogito ergo sum (duvido logo existo) foi sua solução para o problema do Eu, eu existo, mas e todo o mundo ao meu redor? A resposta dele foi mais fraca, era por causa de Deus. Um Deus puramente bom como o que deveria existir, não permitiria que vivêssemos em um mundo irreal. E por muito tempo se aceitou essa resposta, ou talvez, não se pensou tanto sobre essa questão.

Este problema costuma aparecer como uma crítica a uma teoria filosófica. “Essa sua linha de pensamento leva a um solipcismo”. E com a contemporaneidade esta crítica sempre foi uma sombra de todas as teorias filosóficas, principalmente para a fenomenologia, que trata que não temos como conhecer as coisas ao nosso redor como são, apenas como elas aparentam a nós. Uma solução para isso foi colocar o Eu fora do centro da reflexão filosófica, Levinas defendeu que o Eu só existe a partir do Outro. Ele existe, e depois eu. A construção do eu pelo outro se chama de Alteridade.

E muito se aceitou essa forma de jogo, de que Eu só existo se algo externo a mim existir. O ser humano só podia se constituir enquanto pessoa na medida em que outras pessoas estivessem ao redor dele. Nós somos na medida em que nos relacionamos, conversamos crescemos e mudamos através de nossos amigos, inimigos e conhecidos. Todas as pessoas que passam por nossas vidas deixam uma parte delas em nós.

Acredito que essa seja a solução mais aceita para este problema. Mas não dá conta de um único fantasma, afinal nem sempre estamos na presença de outros, o que nos leva a uma terrível percepção:

                Em nossas mentes, estamos condenados a uma solidão eterna.

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                Recentemente vi circulando na internet um texto que mostrava os estágios de uma pessoa para se tornar ateu. Um processo linear com passos muito bem definidos que mais pareciam uma escala, na qual “ser ateu” é o ponto mais elevado. Um roteiro de vida, que parece mais o tiro de um canhão, onde o ser humano disparado irá passar pelo mesmo caminho de muitos e o alvo: “ser Ateu”. Não vejo as coisas dessa forma. E, me apropriando das metáforas de Henri Bergson diria que a transformação da vida de um ser humano pode ser definida mais como a explosão de uma granada. Cheia de tendências e possibilidades, irá explodir para todos os lados, e cada novo fragmento irá se fragmentar ainda mais. Infinitas possibilidades. E assim como a teoria da evolução que os Ateístas tanto gostam, não existe como dizer se algo é mais “evoluído” que outro, ou que existe um processo de evolução linear.

                O problema disso tudo é que textos assim dão um caráter mais elevado a uma forma de crer, ou de “ser” do que outra. Quem disse que ser ateu é ser mais “evoluído” que um agnóstico? Ou até mesmo que um cristão? Só porque você começou cristão e terminou ateu não significa que esse caminho percorrido tenha te dado maiores méritos do quem permaneceu cristão. Mas a questão está mais embaixo, está na crença de grupo, na tentativa de aceitação perante os outros tentamos nos justificar, e assim nos elevar perante a sociedade.

                Imagine uma torta. Essa torta é finita e representaria a sociedade. Ela é deliciosa. Cada grupo ideológico tenta pegar um pedaço dessa torta para si. Os grupos não querem dividir, querem a maior quantidade para si. Então tentam ao máximo justificar-se perante eles mesmos, porque eles são melhores que os outros. E eles precisam justificar a si mesmos, porque no final, sempre ficará aquela ponta de dúvida de se o caminho escolhido será o certo.

                Dentro desta luta sem sentido pela maior fatia da torta, ela acaba se perdendo. Perde o real propósito. Ora, “sou melhor que os outros”, “eu estou certo” e coisas do tipo acabam cegando um diálogo verdadeiro onde todos poderiam dividir as coisas igualmente, e ao menos tentar se entender. Qualquer ideologia pode ser justificada com nomes bonitos. Mas não basta entender apenas os nomes e pequenas frases de efeito, é necessário entender a luta. No final, essas pessoas estavam tentando simplesmente serem elas mesmas, dar mais liberdade as pessoas. Deve ser triste ver um pensamento que pensava a liberdade criando um grupo ainda mais fechado.

                O que é difícil é deixar toda essa disputa de lado e ser simplesmente quem tu acha que deve ser, sem pressões sociais, sem uma necessidade de aceitação perante um grupo. Seja Cristão, seja Ateu, seja Feminista, vegetariano, gay ou qualquer coisa do tipo. É difícil ser sem a necessidade de se autoafirmação perante outros, ou uma provação pessoal. É difícil conseguir entender que as outras pessoas são diferentes e podem não concordar com o que tu acreditas, e mesmo assim aceitá-las. É difícil, mas as recompensas são muitas. Se “ser” ateu, religioso, agnóstico, vegetariano, socialista, etc. te mostra como é belo o mundo lá fora, ser “você mesmo” te mostra como é bela a pessoa que tu és.

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Permita-me te contar uma história.

Não é um conto, ou uma narrativa, mas sim a vida de um pensamento. Há um tempo atrás, logo depois da tragédia em Santa Maria (ou seria no dia da morte do chorão?) podiam ser vistas muitas manifestações de luto nas redes sociais, principalmente no facebook. Discussões sobre vida e morte aconteciam em alguns cantos. Outros procuravam criticar o falso luto só para chamar atenção. O que aconteceu por volta desses dias foi que eu acabei entrando em uma discussão sobre o “medo da morte”, as pessoas acabaram chegando a conclusão que era o desconhecido que assustava. Mas que desconhecido? O que é esse tal de desconhecido?

É claro que as discussões sobre morte pararam, elas saíram de pauta, e o medo (ou talvez a compreensão dele) foi esquecido. Foi deixado de lado para outro assunto em pauta? Não sei, Marco Feliciano? (alguém ainda se lembra dos protestos contra Renan calheiros? Fiquei sabendo que ele riu do baixo-assinado e mandou a internet se mobilizar mais). Porém a pergunta sobre o que seria esse tal de “desconhecido” que muitos falam, mas poucos realmente sabem o que é permaneceu. E por algum tempo eu quis escrever este texto, mas também ainda não estava seguro que eu sabia o que é o desconhecido. Ora, ele é algo que não se conhece, certo? Mas ainda assim, quando falamos que algo é desconhecido, partimos do pressuposto que sabemos o que há ainda para se conhecer.

Fui muito chato nesses últimos dias. Como um Chato-Sócrates acabei fazendo diversos questionamentos as pessoas próximas de mim para a fim de entender como eles compreendiam o que era o desconhecido. Por fim, estou aqui, escrevendo este texto. O que dei-me por conta é que cada pessoa compreende o desconhecido, e o relaciona com a temporalidade, ou a noção de tempo que está por vir, um futuro metafísico. Mas o desconhecido chega a ser mais do que isso, e ainda, se cada um o sente, como podemos lidar com ele? Como não enlouquecemos?

Como falei acima, o desconhecido é diferente do não-conhecido. O desconhecido é algo que sabemos que existe, é apenas um conhecimento que nos escapa, que está distante, mas que de certa forma, podemos o sentir. Ele não passa despercebido diferente do não-conhecido. E como muitas pessoas falam, ele tem uma relação com a noção de passagem do tempo. O futuro é desconhecido, o ano que está por vir, por exemplo. Mas assim também é a semana, os minutos e também o próximo segundo. Eles estão todos equilibrados em um mesmo nível de desconhecido. Não é possível conhecer mais o próximo segundo do que os próximo dez anos até que de fato aconteçam. Mas porque será que os próximos anos assustam mais do que os próximos instantes? Para isso eu tenho duas suposições.

A primeira quer dizer que deveríamos ter medo igualmente do desconhecido. Se não temos medo dos próximos segundos, não devemos temer as próximas horas ou até mesmo a morte. Todos são igualmente desconhecidos. Todos estão distantes de nós até acontecerem. Então não deveríamos nos preocupar com nenhum deles, ou então… viveremos com medo de cada nova esquina da vida. Porém, como a percepção da passagem do tempo é muito subjetiva, os próximos momentos talvez não sejam classificados como um futuro propriamente dito, mas sim como o “presente”. O que está acontecendo, está. Não é mais desconhecido. Nessa ilusão do momento, acabaríamos temendo tudo aquilo que não faz parte dessa “zona de conforto”, e eis que nosso futuro desconhecido aparece diante de nós.

A segunda suposição é que existem diferentes magnitudes. A morte seria o nível máximo. Uma certeza que desconhecemos e lá no fundo torcemos para sermos um humano diferente e jamais morrermos, mas morreremos. E quando a morte acontece (como em Santa Maria) nos lembramos desse fato (que vamos morrer). Depois do medo da morte, quando mais no futuro mais o desconhecido se aproxima dela, e quando mais perto do momento presente, mais temos a ilusão de controle, mais temos a sensação de que tudo vai acontecer como planejamos. Ah! E como o ser humano planeja… O planejamento do futuro não é nada mais que uma maneira de tentar conhecer o desconhecido. Nos livrar da angústia que é enfrentar o futuro despreparados. Talvez seja por isso que algumas pessoas sejam tão controladoras, pois elas, com medo do desconhecido e da natureza caótica humana, tentam controlar tudo e todos ao seu redor. Mas não podemos controlar ou prever o desconhecidos, não é mesmo?

Nossos planos são uma grande ilusão. Uma tentativa de não ter que enfrentar a realidade caótica do mundo e então paramos na própria existência, paramos em uma realidade ilusória que criamos para nós mesmos, tudo que acontece e parece abalá-la é logo rejeitado. Mas será que eu entendi mesmo o que é o desconhecido? Afinal, eu provavelmente o desconheço. Se você leitor tem uma opinião a dar, escreva nos comentários, enriqueça a discussão. Afinal de contas, são coisas que todos enfrentamos, mas que cada um tem sua própria visão.

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Nota Inicial: A primeira parte deste texto é na verdade uma grande paráfrase do primeiro capítulo dolivro de um de meus professores. Tal livro foi o que me inspirou a entrar na filosofia. Eu não utilizei de citações diretas ou indiretas para não poluir o texto. Ao final poderão achar as referências para o livro, apesar de eu achar que é impossível acharem ele a venda.

Segunda nota: Essa é uma crítica apenas as pessoas que seguem suas ideologias de forma radical, não a todas as ideologias em sua totalidade. Saiba a diferença.

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Viver é algo imprevisível. Se existe um fato ou uma verdade essa é a questão mais próxima que podemos chegar a disso. Nunca sabemos o que irá acontecer no momento seguinte até que ele chegue. Podemos fazer previsões, mas nunca saberemos se elas irão se realizar. Podemos planejar uma viajem, mas não sabemos como estará a situação no dia seguinte, pode acabar a gasolina do carro, pode chover, você pode ficar doente, algum parente pode morrer, um meteoro pode cair em sua casa… enfim, uma infinidade de possibilidades. Mas digamos que tudo esteja certo para que a viajem vá acontecer, você pode simplesmente mudar de ideia, e seus planos passarão para não ir mais.

Mas mesmo em meio a esse caos de possibilidades o ser humano ainda procura determinar um ritmo para suas vidas, as horas, as estações, os anos, a economia, o ensino, as classes sociais… Essa ordem em que vivemos é apenas uma tentativa desesperada de organizar o caos que é nossa vida. Para fugir desse caos, da possibilidade de morte a cada segundo, nós planejamos. Procuramos prever e nos antecipar da melhor forma possível, pensamos no futuro e o tentamos organizá-lo. E isso pode ser muito perigoso, pode acontecer de alguns seres humanos tentarem controlar esse caos, tentarem criar o ritmo perfeito.

Parece que certas pessoas possuem a utopia do mundo perfeito (perfeito segundo suas concepções). Essas pessoas acabam buscando o poder, poder para controlar o caos. E uma vez que não é possível controlar a vida em si eles procuram controlar a única coisa que está ao alcance deles, ou seja, a vontade humana. Controlando a educação, o conhecimento e a liberdade eles irão controlar uma parte importante do caos: o ser humano. Já que é difícil controlar todo o resto, é só retirar a liberdade, a opinião e o ponto de vista contraditório. Mas a democracia deve existir, a liberdade deve permanecer.

Sem o caos não existe vida, não existe a liberdade. Essas pessoas que buscam o poder podem pensar que ao controlar a sociedade estarão fazendo um bem a ela, mas estão enganados, pois o que resta ao ser humano se sua liberdade for retirada?– Fim da paráfrase – E o que acontece atualmente é justamente essa busca por poder por muitos radicais em suas ideologias, como feministas,veganos, ateus e esquerdistas. Eles buscam o poder para mudar e controlar a vontade humana.

Tomemos o exemplo das feministas radicais, dos veganos, ateus, esquerdistas, ativistas do PT, ou qualquer outro grupo que tente impor sua vontade perante os outros. Muitos desses grupos já mostraram que estão dispostos a fazer de tudo para conseguir esse poder sobre as vontades humanas, até mesmo “jogar sujo”. Imagine um mundo onde tu não possa escolher mais o que vestir, o que comer, o que ouvir, comprar, ou o que irá fazer durante a tarde. O problema é que eles utilizam a estratégia de eliminar qualquer tentativa de oposição as suas ideias. Quem vai contra eles está errado, é considerado o vilão. Eles tomam toda a crítica as suas ideias como críticas pessoais.

A busca pelo poder é um veneno. Quando essas pessoas o provam procuram sempre mais. A democracia, mesmo que frágil deve permanecer, as pessoas ainda devem ter sua liberdade. Por mais que tais ideologias acreditem, os seres humanos não precisam de um pastor. Eles precisam sim de normas de conduta, uma moral e uma cultura. Mas não são crianças para que sempre tenham que depender de alguém. Se essas ideologias realmente quisessem indivíduos capazes de fazer suas próprias escolhas, não procurariam tanto assim limitar as ações humanas.

Referência:

LARENTIS, Milton. A vida das Idéias. Experimentos 1988-2008. Bauru: Canal 6, 2008.

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Tive que dar uma pausa em todos os trabalhos que tenho que fazer para escrever esse texto.

É incrível como muitos ateus defendem a ideia de que o Brasil deveria ser um “estado laico”. Defendem essa ideia como se fosse uma verdadeira religião. Como se o Brasil se tornando “laico” resolveria todos os problemas da sociedade. A cura do câncer seria descoberta, e entraríamos em uma nova era de paz e harmonia que duraria 200 anos com finalmente uma sociedade racional o bastante para não acreditar mais em Deus. Mas pera ai? Tem algo de errado nisso tudo, e ironias a parte, o erro é achar que um estado laico é aquele estado que nega todo o tipo de religião.

Mas o que é esse tal de estado laico? Não é nada mais do que uma forma de governo onde a Religião é separada das decisões políticas, e as decisões políticas são separadas da religião. Onde o poder é separado da religião. É tão simples! Mas é incrível como tantas pessoas não conseguem entender essa simples divisão. A definição mais vulgar que posso encontrar para definir a laicidade do estado é aquele estado que está “cagando e andando para as manifestações religiosas”.

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Dentro de um estado laico uma pessoa possui a liberdade para expressar sua fé ou não-fé da forma que bem entender sem alguém a impedir de fazer isso. Os crentes podem continuar gritando em suas igrejas, os católicos podem continuar com suas missas e feriados, e os ateus podem continuar a xingar as religiões no facebook e no twitter. Mas isso tudo somente acontece porque é permitido pelo estado. Se tivéssemos um estado cristão, quem professasse uma fé diferente da aceita seria preso ou qualquer coisa do tipo.

Mas o que é esse tal de estado? Utilizando-me da definição moderna pela ciência política, o Estado é a reunião do Território, do povo, e do poder (político). E indo mais além, o poder está dividido em três, o legislativo, judiciário e executivo (sendo o executivo o que concentra mais poder político). Ou seja, tudo é o estado.

Um estado laico não pode ser um estado Ateu, pois dessa forma todas as formas de expressão religiosa estariam proibidas. Elas não seriam permitidas e o estado iria fomentar o ateísmo. Que é apenas uma forma de crer particular dentre tantas outras. Um estado Ateu destruiria toda a liberdade religiosa que a sociedade lutou tanto para conseguir.

Dentro dessa perspectiva começam questões como os crucifixos nas escolas públicas ou o “Deus seja louvado” nas notas de real, dizem que tais formas de se professar a fé destroem a laicidade do nosso amado Brasil. Dizem que devemos retirar todas as formas de expressão de fé das vias públicas. Mas lembro a vocês, o que é um estado laico? Um estado que defende todas as formas de expressão religiosa, sejam elas públicas ou não. Interferir nessas manifestações é justamente interferir no estado laico tão desejado.

As notas de real (que são a discussão do momento), são uma expressão de fé descolada do poder político. Uma vez que elas são apenas a moeda. Tanto faz se tem uma imagem de Deus nelas ou de um cachorro cagando, o valor simbólico que possuem será o mesmo. Elas continuarão a ser o dinheiro.

O problema dessa questão, é que procurar tirar o “Deus seja louvado” das notas justamente vai contra o que todos procuram. Defender um estado Laico seria defender que a nota continue igual, defender o estado laico é defender a possibilidade de todos expressarem sua fé. O que os ateus que se manifestam a favor do estado laico estão fazendo é justamente o contrário. Estão querendo destruir esse nosso princípio e transformar o Brasil em um estado Ateu.

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Introdução

 

  Estive estudando um autor muito fascinante nos últimos tempos. Seu nome é Carl Jung. Ele tem formação em psiquiatria, e foi o maior discípulo de Freud (apesar de que a grande obra de Jung começou depois do rompimento com Freud). Mas apesar de ele ser um psiquiatra, suas obras são muito mais estudadas por filósofos. Isso se deve ao fato de que as idéias de Jung são muito mais baseadas na filosofia, e tem um alto nível filosófico. Ele possuiu uma teoria sobre a construção do ser humano e da sociedade que é realmente fascinante. E mais do que isso, que possui validade científica.

  Com isso dito, o objetivo desta série de textos é trabalhar um dos conceitos principais de Jung, o de individuação. O tornar-se um indivíduo único.  E talvez mostrar que uma pessoa realmente pode ser um indivíduo único com suas próprias peculiaridades, com seus próprios desejos, e que se conhece muito mais do que normalmente podemos nos conhecer.

  Motivei-me a pensar sobre essa série (série, pois tudo de uma vez criaria um texto muito longo) depois de muita reflexão, depois de uma conversa ótima sobre “quem somos”, e também depois de ouvir pessoas falando que o ser humano perdeu seu potencial devido ao “sistema” ou a “sociedade capitalista”. Besteiras do tipo. A questão central aqui é entender o que é “ser único” e como podemos chegar a esse ponto.

 

Conversa com os leitores

 

  Antes de começar o texto propriamente dito quero dizer que estou escrevendo esta série de textos para você leitor. Esse texto é dedicado a todas as pessoas que leram o meu blog ou que virão a ler. Diferente dos meus últimos textos. Esse eu sei muito bem para quem eu escrevo. É para você! É para todos nós. E por isso seria muito legal poder ouvir a opinião de meus leitores a respeito desse assunto. Até porque assim saberei como desenvolver os próximos textos. Façam perguntas sobre o que não entenderem, ou simplesmente respondam as perguntas que deixarei. Ficarei muito contente em saber o que estão achando de tudo isso que escrevo.

 

O problema do sistema. O discurso da Alienação.

 

  O sistema social é sempre a culpa central de não podermos ser quem nós realmente somos. Afinal, é culpa da sociedade que esta é uma época difícil para sonhadores. Ou que esta seja uma época onde a produção de conhecimento está em decadência. Os seres humanos estão ficando cada vez mais burros. Nos prendemos em um sistema e não podemos mais ser livres como desejaríamos. Não podemos mais sermos nós mesmos. Não podemos mais fazer o que queremos. Temos que viver trabalhando em coisas que não gostamos. Logo, o ser humano está destinado a viver conforme padrões, e por isso se torna cada vez menos humano, menos ele mesmo.

  Este é um discurso amplamente aceito nas redes sociais. Afinal, por causa dessa “sociedade” não podemos sempre fazer o que desejamos. Só que a facilidade da aceitação desse discurso está mais embaixo. Esse discurso é aceito porque gostamos de nossa preguiça, gostamos de poder justificar nossas incapacidades em outras coisas. Em resumo, não gostamos de assumir a responsabilidade de nossas falhas. Não queremos aceitar o fato de que nossa vida é como é por nossa causa.

  Dois grandes teóricos trabalharam essa questão. Eles são Nietzsche e Sartre. A crítica desses dois autores se dá no âmbito em que somos plenamente livres. Não existem padrões éticos que valem para todas as pessoas. Ou até mesmo que deveriam limitar as ações dos homens.

  Já tratei desse assunto em minha crítica à ética religiosa nesse texto:  Se Deus não Existe então tudo é permitido

  Para Sartre o ser humano é plenamente livre. Porém ter consciência de nossa liberdade gera angustia. Angustia pelo fato de que não podemos fazer tudo o que desejamos com nossa liberdade, e além disso, angustia por saber que a responsabilidade é inteiramente nossa. E por causa disso acabamos mentindo para nós mesmos. Mentimos que o sistema (criado por nós) controla nossas vidas. Que não podemos mudar, que não podemos fazer nada senão batalhar e nos adaptar ao mundo. Mentimos para nós mesmos afirmando que somos limitados. E que a culpa da nossa limitação nos é externa.

  Para Sartre essa mentira pode ser entendida como má-fé. A má-fé que faz com que nos escondemos atrás de qualquer outra coisa. Afirmamos que a responsabilidade é da religião, da sociedade, de nossos pais. Mas jamais conduzimos nossas vidas por nós mesmos, com o que realmente desejamos e assumimos plena responsabilidade por nossos atos.

  Para tornarmo-nos humanos únicos em nós mesmos precisamos nos livrar da má-fé. Precisamos aceitar que somos plenamente livres e acatar todas as responsabilidades por nossos atos.  Sejam eles conscientes ou não. Devemos ser livres para escolher, agir, e ser. Já somos isso, mas será que podemos aceitar esse fardo?

  Para você leitor, a sociedade parece estar pronta para ser livre? Talvez sim, ou talvez não. Mas sobre tu mesmo? Tu está pronto para aceitar a liberdade que possuiu e assumir plenas responsabilidades por tua vida? Essa é uma resposta que somente tu pode dar, e não precisa falar para todos, apenas para si. Compreender a liberdade é o primeiro passo para se tornar verdadeiramente único. Para ser tornar tu mesmo.

 

Ser diferente não é ser único.

 

  O advento das redes sociais possibilitou uma maior rede de comunicação. Podíamos conversar com as pessoas e ver como elas estavam, e saber sobre a vida delas. Poderia ser um grande avanço para podermos finalmente nos conectar com o mundo. Mas o feitiço virou-se contra o feiticeiro, e as redes sociais passaram a exibir um outro lado de seus usuários.

  Através de uma rede social é possível analisar o movimento de diversas sub-sociedades (tribos). Como conversam, como se comportam. E mais do que isso, pessoas passaram a se expor mais. Colocam mais de si em um espaço público. E o que uma vez te fazia sentir-se único, passou a ser uma coisa comum. Afinal, pela internet é muito mais fácil achar pessoas que se comportam de forma parecida, tem os mesmos gostos e desgostos. E tudo isso acabou fazendo pessoas perderem seu senso de indivíduo. Tu já não podia saber o que te tornava único(a), pois haviam muitas pessoas que eram muito parecidas entre as outras.

  Partindo desse ponto, criou-se um desejo em “ser diferente”. Jovens buscando aquilo que os tornavam diferentes daquela multidão de pessoas. Aquilo que os fariam se destacar na multidão. Criou-se uma grande necessidade de “ser ouvido”. As pessoas precisavam ser notadas, e esse desejo de ser notado foi aumentando cada vez mais até o ponto de postarem fotos do que se estava comendo em redes sociais. Todos querem ter uma voz, todos querem que suas opiniões sejam ouvidas, e todos querem se destacar, querem ser percebidos. Ok, não todos, mas uma grande quantidade de pessoas, e praticamente todas as pessoas que são heavy users  de facebook e afins.

  Com esse desejo de ser diferente, as pessoas passaram a buscar gostos diferentes dessa multidão de pessoas, gostos que as fizessem sentirem diferentes, especiais, e pertencentes a uma “elite”. E ai surgiram novos sub-grupos, e outros tornaram-se mais sólidos. Temos os otakus, roqueiros, from england, pseudo-cults, ateus, fãs de Pink Floyd… E todos procuram acreditar que seu gosto é o que os torna muito diferentes de uma multidão de pessoas que caminham pelas vias reais e virtuais todos os dias.

  Mas a verdade é que ser de um desses grupos, e compartilhar esses gostos não torna uma pessoa única, muito menos diferente. Um exemplo pode ser o fã de Pink Floyd que se acha único por gostar dessa banda incrível (sim, eu os adoro) mas que “ninguém mais gosta”, ou que seus fãs são muito raros. Só que Pink Floyd é conhecida como uma das banda de rock mais famosas de todos os tempos (junto com Bettles e afins), o Dark Side of the moon, foi e é um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos. Muitas das grandes bandas se espelham em diversos momentos da carreira deles para compor novas músicas. A própria madona possui influências de Pink Floyd em algumas de suas músicas. E vocês ainda acham que ser fã de Pink Floyd os destaca da multidão? Sejamos sinceros, chute uma pedra virtual na internet que tu irá achar outros 5 fãs deles.

  Nota mental:  Eu usei os fãs de Pink Floyd, mas o exemplo deles pode ser utilizado para qualquer gosto. Seja ele de animes, de coisas britânicas. Coisas de Hipsters e tantos outros. Pela internet é muito fácil achar um grupo de pessoas com algum tipo de gosto peculiar ou que gostam de alguma coisa.

  A realidade é difícil. Mas se tu enquadrar quaisquer atitudes, quaisquer formas de se vestir, falar ou se comportar, e achar que elas te fazem diferente, que te destacam, tu está errado. Em todo o tipo de comportamento haverá pelo menos um grupo que também tem esse mesmo comportamento. O diferente é só mais uma convenção social. Mas esses diferentes são só mais um na multidão que procura tal diferencial. De tanto que tentam se tornar diferentes, acabam ficando iguais a todos os outros.

  Como lidar? Não querendo ser diferente. Não querendo ter uma voz. Mas sim querendo ser a “si-mesmo”. E não ter a necessidade de se mostrar para todas as outras pessoas. A questão é: Pessoas estão preparadas para simplesmente serem, e não querer mostrar quem são?

  

Como tornar-se único?

  

  O ser único é algo além, é sutil e é inteiramente individual. É o processo de compreender a si mesmo, e de compreender muitos dos seus desejos. Ser único não está nas grandes atitudes, mas sim nos pequenos detalhes e peculiaridades que jamais poderão ser transformados em palavras. Mais do que isso, é o propósito dessa série de textos. É mostrar como que uma pessoa se torna ela mesma. Como se dão todos esses processos dentro da filosofia, e da psicologia. Aliar-me-ei em Carl Jung, Epicuro, Kant e diversos outros autores.

  Vocês terão aqui, queridos leitores, uma obra de coração. Um presente para vocês, uma compilação de muitos de meus estudos, e meus sinceros desejos que lendo e refletindo sobre o que escrevo os possa tornar além de únicos, um pouco mais felizes.

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Se Deus não existe então tudo é permitido – Dostoievski

 

Começo esse texto com uma célebre paráfrase usada por Dostoievski (um grande religioso) sobre a relação que Deus possui com a liberdade humana. Mas antes de adentrar nesse assunto com maior profundidade preciso dizer que a cada novo texto de filosofia que leio, a cada novo filósofo que estudo, a cada dia que passo com um livro em mãos eu acabo chegando a uma conclusão terrível: Que a não-existência de um Deus é muito mais provável do que sua existência. Acima disso, esse assunto está cada vez me trazendo um profundo desinteresse. Até porque, após tomar uma posição de dúvida é muito complicado encontrar um argumento que confirme a existência e a não-existência de um ser divino.

Essas questões são levantadas quando tomamos assuntos como a liberdade, a psicanálise, a ética e a teoria do conhecimento (dentre outras).  Mas antes preciso deixar em evidência o que é esse Deus que estou falando. É a ideia de um ser onipotente, onipresente, e onisciente. A ideia de um Deus corpóreo, seja ele a ideia judaico-cristã, muçulmana  ou os deuses das mais diversas mitologias como Zeus, Odin, Horus dentre todos os outros. A ideia desse deus é de um Ser (seja ele com características humanas ou não) que possa atuar e interferir no nosso mundo. Além da ideia de um Deus criador.

Mas agora vamos tomar como ponto de partida a nossa frase inicial. Muitos religiosos argumentam que a religião é a unica coisa capaz de dar preceitos éticos e morais. Se não existe Deus, não existiria a ideia do bem e do mal. Não existiria nada que daria limites aos seres humanos. Viveríamos na mais completa anarquia, onde, mesmo limitados por leis, tudo ainda seria permitido. Porém, esse não é o ponto em que Dostoievski pretende chegar ao utilizar essa paráfrase atribuída aos irmãos Karamazov. A questão é que sem Deus a liberdade é plena, seriamos então, completamente responsáveis por nossos atos e por tudo que está acontecendo em nossa vida. Não existe mais essa de que a culpa é de Deus, ou as coisas aconteceram porque Deus desejou que fosse assim.

Nietzsche é um grande expoente nessa situação ao usar sua célebre frase “Deus está morto e nós o matamos” (Gaia ciência aforismo 125).  Para Nietzsche o ser humano precisa se tornar senhor de suas próprias ações e se tornar completamente responsável por sua vida. Precisa se libertar de suas dependências. Precisa assumir todas responsabilidades, e não depender de mais ninguém, além dele mesmo. É claro que essa perspectiva é um pouco assustadora, afinal “a culpa dessas coisas ruins em minha vida e de meu sofrimento é completamente minha”, e não são todas as pessoas capazes de assumir plenas responsabilidades por sua vida. Diria Nietzsche, ser um Super-homem é para poucos. É muito mais fácil colocar a responsabilidade em Deus ou em qualquer outra coisa.

A morte de Deus se dá muito mais nessa questão simbólica de Deus, onde ele deixa de atuar como aquele que define o destino das pessoas, bem como o regente moral da sociedade (até porque para Nietzsche Deus nunca existiu de verdade). Esse ser se torna em nada, está morto. E para a sociedade européia da época nada representou senão um resto de algo que já foi, mas que não valia nada. A sociedade não dependia mais de Deus para saber o que era certo e o que era errado, e não estava mais limitada por um Deus para fazer o que bem entendesse e fosse capaz de assumir as plenas responsabilidades.

Quem  desenvolveu mais essas ideias foi Sartre que disse que somos seres condenados a sermos livres. De tudo o que somos como seres humanos somos livres e temos plena responsabilidade por aquilo que fazemos. Se uma pessoa nega sua liberdade, isso ainda é um ato livre, pois tu escolhe não o ser. Tua liberdade é tua prisão. E porque o ser humano é plenamente livre e responsável por suas ações, responsabilizar um Deus por algo que tu fizeste é apenas uma atitude de má-fé (ver nota no final do texto para um resumo da má-fé). O ser humano é responsável por si e pelos outros. Se o mundo está da forma que está, a responsabilidade é tua, é minha, é de todos nós. É da humanidade e de mais ninguém. E se não fizermos nada para mudar, a responsabilidade continuará sendo nossa, diria Sartre.

A liberdade é um tema radicalmente ligado à religião. Mas por mais que as pessoas procurem responsabilizar Deus pelas ações humanas, por mais que a religião procure restringir a liberdade, escolher não fazer algo ainda é uma escolha e somos responsáveis por ela. Somos livres e podemos fazer o que quisermos, nada nos impede disso. Mas também devemos arcar com as responsabilidades. Se Deus não existe então tudo é permitido. E como Deus não existe, tudo é permitido. Mas além disso são duas coisas que quero deixar aos meus leitores. A questão de que somos plenamente responsáveis por quem somos e quem seremos. E a dúvida. Afinal, jamais poderemos saber se Deus existe ou não, mas podemos nos livrar dessa ilusão de que não somos livres! Devemos agir por nós mesmos, somos responsáveis por nossas ações, e não Deus.

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A má-fé de forma resumida é uma mentira a ti mesmo e as outras pessoas. É mentir sobre ser responsável pelas próprias atitudes. Deixar a escolha da liberdade para outra pessoa ou entidade. É deixar que a religião, os pais, o país escolha como tu deve agir e usar a tua liberdade. É claro que é algo que vai muito além, mas de forma resumida é isso.

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Não escrevi o título errado. Política não é uma profissão, é algo que se vive. Mas o que exatamente é viver a política? Para os antigos gregos esta palavra significava a viver a cidade (literalmente o aquele que viva na polis). O cidadão que pensava no que ela melhor para o bem-estar de todos. Hoje, no Brasil, política virou uma profissão um recurso para pessoas terem uma boa vida, onde poucos dos que atuam nela realmente pensam no que é bom para a coletividade.

A polis grega

Representação da Polis grega

Mas o que leva um cidadão a se candidatar para um cargo público? De todas as possíveis respostas o bem geral da cidade raramente aparecerá como o principal motivo. É possível que as pessoas se candidatem pelos interesses de algum grupo ou por seus próprios. Podem-se notar tais coisas apenas analisando as propostas de um candidato a vereador, muitas delas, impossíveis, outras, privilegiando apenas um pequeno grupo da população.

Os problemas gerais da cidade ficam em segundo plano, uma vez que político agora é uma profissão, é mais importante se manter no cargo do que fazer algo além de praças públicas. E é com muito pesar que me lembro do fato onde desejar ocupar um cargo público deveria fazer tal indivíduo se dedicar inteiramente ao bem maior das pessoas, uma completa entrega de si para todos. E infelizmente não é isso que acontece.

Mas além de tudo isso, esse “ser política” vai além, ele possui um grande compromisso com a verdade. Tal compromisso é a primeira grande virtude que os candidatos deveriam ter e estimar. Mas a cada acusação de corrupção, percebe-se que a verdade está sempre em terceiro plano. Para se manter no poder parece que vale tudo, principalmente mentir e enganar.

A política se tornou uma forma de ganhar status, de conseguir, por quatro anos, uma forma de vida tranquila e estável. Um bom salário, uma projeção social, e muito conforto. Em outras palavras: poder. O que deixa uma parte da população frustrada é que cidadões sem conhecimento algum de ser política estão pedindo tal poder para governar. Pergunto-me porque tais pessoas, conscientes que não teriam capacidade de ocupar cargos públicos se candidatam.

Domingo serão as eleições. E nossas vidas são muito afetadas por essa escolha, por nosso voto. Use-o para escolher uma pessoa que pense antes no bem geral de nossa cidade do que seus interesses próprios. Que seja um indivíduo que viva a política. E você, caro candidato, pense muito bem o que o levou até a candidatura. Saiba que tu podes mentir para todos, menos para si mesmo.

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O Twitter é a rede social com o segundo maior número de usuários no mundo. Os agentes dentro dela são os usuários, empresas, e principalmente a empresa criadora da rede social. Uma rede social é uma interface cuja qual permite que indivíduos interajam em um ambiente virtual. E como cada uma delas o Twitter possuiu suas peculiaridades. Ele se propõe em ser um micro blog. Você possui a opção de escrever “o que está acontecendo” em uma frase de cento e quarenta caracteres ou menos, ou apenas “seguir” outros usuários e receber as atualizações deles. Existe um sistema que permite que pessoas sigam e sejam seguidas. Quando uma pessoa segue a outra todas as atualizações irão aparecer em um espaço chamado de Timeline. A interação entre os usuários se dá por três formas. É possível escrever alguma coisa e essa frase irá aparecer para todos os seus seguidores. Existe a possibilidade de dar um retweet o que fará com que a atualização de alguém seja enviada para seus seguidores.  Ou finalmente enviar uma mention, que nada mais é que uma mensagem direcionada para algum usuário, normalmente comentando alguma atualização feita por ele.

Por dar a tamanha liberdade para que os indivíduos expressem sua subjetividade em frases curtas, e possibilitar a interação humana, mesmo que em um ambiente virtual o Twitter pode ser considerado um campo, mesmo que um espaço relativamente novo. O poder simbólico dentro dessa rede social se apresenta de uma forma bastante clara. Quanto maior for o número de seguidores que um usuário possuir, maior será a influência dele dentro da rede. Como a escolha de seguir ou não é inteiramente de cada usuário (não se pode obrigar alguém a seguir um perfil específico) quanto mais seguidores pode-se afirmar que as mensagens feitas por um perfil em específico receberão uma extensão muito maior.

Além da quantidade de seguidores, o poder simbólico pode ser observado pela quantidade de retweets e mentions que esse perfil recebe. Podemos afirmar que a junção desses três fatores determinaram o poder simbólico que tal usuário recebe dentro da rede. O poder simbólico do twitter se dá pela comunicação. A pessoa que tem uma maior capacidade comunicativa possuirá uma maior abrangência, força, e influência na rede. E como cada estrutura social, o twitter acabou criando seus próprios habitus. Quem não segue o que a rede propõe acaba recebendo uma pouca quantidade de poder simbólico (Seguidores, retweets e mentions). Quanto menor for essa quantidade, maiores serão as chances desse novo usuário desistir da rede.

Assuntos como o que se está fazendo no momento são altamente rejeitados. Dentro do Twitter três tipos de status são mais amplamente aceitos. As piadas, as frases românticas, e reflexões simples. É por isso que a maior quantidade de poder simbólico se encontra nas mãos de comediantes. Um perfil que se propõe a mudar um desses três temas acabará não recebendo muitos seguidores, e com a falta deles, a desistência da rede.

Por ser um novo ambiente a ser explorado o Twitter permite diversas análises e interpretações. Existem diversas áreas dentro dele, grupos com outros valores e outras organizações, aonde o poder simbólico acaba sendo levemente diferente. Incrivelmente o ambiente das redes sociais parece estar criando uma sub-cultura mundial, uma sociedade virtual que interage em tempo real com diversas culturas e sociedades, além da própria sociedade em que o usuário está envolvido.

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Nota: Escrevi esse texto as pressas, se acharem alguns erros gramaticais me avisem.

                Estou escrevendo este texto agora porque vejo que algumas pessoas não entendem a diferença entre o que é um Ateu e o que é um Agnóstico. Irei pegar fragmentos de textos que já escrevi e irei postar aqui, simplesmente para evitar o retrabalho de ter que escrever as mesmas coisas de novo.

                O que a palavra Ateu significa? Ateu é uma palavra oriunda do grego antigo que quer dizer “A Theos.” No grego moderno a tradução de Theos é simples, Theos significa Deus, então a tradução mais simples de o que é um Ateu seria “Aquele que nega a Deus.” Porém, qualquer pessoa que estudou um pouco de grego sabe que o significado das palavras não se limita a uma tradução simples, o significado das palavras gregas é muito mais amplo e representa muito mais coisas do que o limitado vocabulário português.

                Theos significa muito além de Deus, ele engloba todo o lado místico e espiritual. A noção de alma e espírito do cristianismo cai ali. A noção de espírito e entidades espíritas também está representada nessa palavra. A própria “energia do mundo” que os druidas antigos cultuavam cai na noção de Theos. Resumidamente, Theos seria tudo aquilo que não pode ser percebido pelos nossos cinco sentidos. Theos é o místico, o espiritual, o duvidoso, e o metafísico. Dessa forma, podemos chegar a conclusão de que Ateu não é somente a negação de Deus, mas sim a negação de tudo o que está além de nossos sentidos.

                Já agnóstico vem de “A gnosis”. Gnosis (de forma simplificada) seria conhecimento. O agnóstico afirma que é impossível conhecer. É uma postura de dúvida. O Agnosticismo pode acreditar ou não em Theos, mas sempre irá manter uma postura de dúvida perante todas as coisas que estão ao redor dele. Pode-se chegar a duvidar até mesmo da existência do mundo real. Até mesmo as “crenças” de um ateísta podem ser questionadas, uma vez que a única comprovação que ele possui são os sentidos. Agnóstico é o que duvida. Ele não ignora o conhecimento, ele só compreende que nunca poderá entendê-lo. Pode ser resumido pela frase de sócrates que diz: “Só sei que nada sei.”

                Resumindo e deixando claras as diferenças. O Ateu é a pessoa que nega a existência de Deus (Theos), e acredita que a única coisa que exista seja o mundo sensível.

                O Agnóstico é aquele que possui a dúvida sempre presente em sua vida. Ele não consegue “crer” em nada, uma vez que não tem certeza de nada. Para ele os sentidos não são tão confiáveis assim.

                Outra coisa que irei aproveitar para falar agora é que me falaram que existe uma postura chamada de Ateu Agnóstico. Bem, como a filosofia é feita de diálogo, eu irei fazer uma crítica a essa postura. Até porque o fato de que um filósofo inventou isso não quer dizer que eu devo seguir, e aceitar a existência dela. Ateu e agnóstico são coisas completamente diferentes e não podem ser complementares. O Agnóstico duvida até do mundo dos sentidos. Porém ele não fala em um nível de fé.

                A forma de não-crer dos dois são diferentes, é como se tentássemos comparar um católico com um Neo-Pentecostal. Eles são parecidos, acreditam em Jesus, mas a formas como vêem o mundo são inteiramente diferentes. Começando a Duvidar até mesmo da ciência e do mundo físico, a pessoa se torna um agnóstico, se o Ateu tiver essas duvidas, ele deixa de ser Ateu, e se torna agnóstico.

                Já se o Agnóstico não acredita em Deus (Theos) ele continua sendo um agnóstico. Se ele acreditar em Deus  (Theos) ele continua sendo agnóstico. A existência ou não desses tipos de fé, não o fazem deixar ou não ser o que ele é, uma vez que “A gnosis” é simplesmente a afirmação de que é impossível conhecer. Acreditar nesse algo é um ato de fé, mas não exclui o fato de que se é impossível conhecer.

Por isso que ser Ateu Agnóstico é impossível.

PS: Agnóstico Teísta é outra besteira.

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