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Posts Tagged ‘Ateu’

                Recentemente vi circulando na internet um texto que mostrava os estágios de uma pessoa para se tornar ateu. Um processo linear com passos muito bem definidos que mais pareciam uma escala, na qual “ser ateu” é o ponto mais elevado. Um roteiro de vida, que parece mais o tiro de um canhão, onde o ser humano disparado irá passar pelo mesmo caminho de muitos e o alvo: “ser Ateu”. Não vejo as coisas dessa forma. E, me apropriando das metáforas de Henri Bergson diria que a transformação da vida de um ser humano pode ser definida mais como a explosão de uma granada. Cheia de tendências e possibilidades, irá explodir para todos os lados, e cada novo fragmento irá se fragmentar ainda mais. Infinitas possibilidades. E assim como a teoria da evolução que os Ateístas tanto gostam, não existe como dizer se algo é mais “evoluído” que outro, ou que existe um processo de evolução linear.

                O problema disso tudo é que textos assim dão um caráter mais elevado a uma forma de crer, ou de “ser” do que outra. Quem disse que ser ateu é ser mais “evoluído” que um agnóstico? Ou até mesmo que um cristão? Só porque você começou cristão e terminou ateu não significa que esse caminho percorrido tenha te dado maiores méritos do quem permaneceu cristão. Mas a questão está mais embaixo, está na crença de grupo, na tentativa de aceitação perante os outros tentamos nos justificar, e assim nos elevar perante a sociedade.

                Imagine uma torta. Essa torta é finita e representaria a sociedade. Ela é deliciosa. Cada grupo ideológico tenta pegar um pedaço dessa torta para si. Os grupos não querem dividir, querem a maior quantidade para si. Então tentam ao máximo justificar-se perante eles mesmos, porque eles são melhores que os outros. E eles precisam justificar a si mesmos, porque no final, sempre ficará aquela ponta de dúvida de se o caminho escolhido será o certo.

                Dentro desta luta sem sentido pela maior fatia da torta, ela acaba se perdendo. Perde o real propósito. Ora, “sou melhor que os outros”, “eu estou certo” e coisas do tipo acabam cegando um diálogo verdadeiro onde todos poderiam dividir as coisas igualmente, e ao menos tentar se entender. Qualquer ideologia pode ser justificada com nomes bonitos. Mas não basta entender apenas os nomes e pequenas frases de efeito, é necessário entender a luta. No final, essas pessoas estavam tentando simplesmente serem elas mesmas, dar mais liberdade as pessoas. Deve ser triste ver um pensamento que pensava a liberdade criando um grupo ainda mais fechado.

                O que é difícil é deixar toda essa disputa de lado e ser simplesmente quem tu acha que deve ser, sem pressões sociais, sem uma necessidade de aceitação perante um grupo. Seja Cristão, seja Ateu, seja Feminista, vegetariano, gay ou qualquer coisa do tipo. É difícil ser sem a necessidade de se autoafirmação perante outros, ou uma provação pessoal. É difícil conseguir entender que as outras pessoas são diferentes e podem não concordar com o que tu acreditas, e mesmo assim aceitá-las. É difícil, mas as recompensas são muitas. Se “ser” ateu, religioso, agnóstico, vegetariano, socialista, etc. te mostra como é belo o mundo lá fora, ser “você mesmo” te mostra como é bela a pessoa que tu és.

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Nota Inicial: A primeira parte deste texto é na verdade uma grande paráfrase do primeiro capítulo dolivro de um de meus professores. Tal livro foi o que me inspirou a entrar na filosofia. Eu não utilizei de citações diretas ou indiretas para não poluir o texto. Ao final poderão achar as referências para o livro, apesar de eu achar que é impossível acharem ele a venda.

Segunda nota: Essa é uma crítica apenas as pessoas que seguem suas ideologias de forma radical, não a todas as ideologias em sua totalidade. Saiba a diferença.

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Viver é algo imprevisível. Se existe um fato ou uma verdade essa é a questão mais próxima que podemos chegar a disso. Nunca sabemos o que irá acontecer no momento seguinte até que ele chegue. Podemos fazer previsões, mas nunca saberemos se elas irão se realizar. Podemos planejar uma viajem, mas não sabemos como estará a situação no dia seguinte, pode acabar a gasolina do carro, pode chover, você pode ficar doente, algum parente pode morrer, um meteoro pode cair em sua casa… enfim, uma infinidade de possibilidades. Mas digamos que tudo esteja certo para que a viajem vá acontecer, você pode simplesmente mudar de ideia, e seus planos passarão para não ir mais.

Mas mesmo em meio a esse caos de possibilidades o ser humano ainda procura determinar um ritmo para suas vidas, as horas, as estações, os anos, a economia, o ensino, as classes sociais… Essa ordem em que vivemos é apenas uma tentativa desesperada de organizar o caos que é nossa vida. Para fugir desse caos, da possibilidade de morte a cada segundo, nós planejamos. Procuramos prever e nos antecipar da melhor forma possível, pensamos no futuro e o tentamos organizá-lo. E isso pode ser muito perigoso, pode acontecer de alguns seres humanos tentarem controlar esse caos, tentarem criar o ritmo perfeito.

Parece que certas pessoas possuem a utopia do mundo perfeito (perfeito segundo suas concepções). Essas pessoas acabam buscando o poder, poder para controlar o caos. E uma vez que não é possível controlar a vida em si eles procuram controlar a única coisa que está ao alcance deles, ou seja, a vontade humana. Controlando a educação, o conhecimento e a liberdade eles irão controlar uma parte importante do caos: o ser humano. Já que é difícil controlar todo o resto, é só retirar a liberdade, a opinião e o ponto de vista contraditório. Mas a democracia deve existir, a liberdade deve permanecer.

Sem o caos não existe vida, não existe a liberdade. Essas pessoas que buscam o poder podem pensar que ao controlar a sociedade estarão fazendo um bem a ela, mas estão enganados, pois o que resta ao ser humano se sua liberdade for retirada?– Fim da paráfrase – E o que acontece atualmente é justamente essa busca por poder por muitos radicais em suas ideologias, como feministas,veganos, ateus e esquerdistas. Eles buscam o poder para mudar e controlar a vontade humana.

Tomemos o exemplo das feministas radicais, dos veganos, ateus, esquerdistas, ativistas do PT, ou qualquer outro grupo que tente impor sua vontade perante os outros. Muitos desses grupos já mostraram que estão dispostos a fazer de tudo para conseguir esse poder sobre as vontades humanas, até mesmo “jogar sujo”. Imagine um mundo onde tu não possa escolher mais o que vestir, o que comer, o que ouvir, comprar, ou o que irá fazer durante a tarde. O problema é que eles utilizam a estratégia de eliminar qualquer tentativa de oposição as suas ideias. Quem vai contra eles está errado, é considerado o vilão. Eles tomam toda a crítica as suas ideias como críticas pessoais.

A busca pelo poder é um veneno. Quando essas pessoas o provam procuram sempre mais. A democracia, mesmo que frágil deve permanecer, as pessoas ainda devem ter sua liberdade. Por mais que tais ideologias acreditem, os seres humanos não precisam de um pastor. Eles precisam sim de normas de conduta, uma moral e uma cultura. Mas não são crianças para que sempre tenham que depender de alguém. Se essas ideologias realmente quisessem indivíduos capazes de fazer suas próprias escolhas, não procurariam tanto assim limitar as ações humanas.

Referência:

LARENTIS, Milton. A vida das Idéias. Experimentos 1988-2008. Bauru: Canal 6, 2008.

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Tive que dar uma pausa em todos os trabalhos que tenho que fazer para escrever esse texto.

É incrível como muitos ateus defendem a ideia de que o Brasil deveria ser um “estado laico”. Defendem essa ideia como se fosse uma verdadeira religião. Como se o Brasil se tornando “laico” resolveria todos os problemas da sociedade. A cura do câncer seria descoberta, e entraríamos em uma nova era de paz e harmonia que duraria 200 anos com finalmente uma sociedade racional o bastante para não acreditar mais em Deus. Mas pera ai? Tem algo de errado nisso tudo, e ironias a parte, o erro é achar que um estado laico é aquele estado que nega todo o tipo de religião.

Mas o que é esse tal de estado laico? Não é nada mais do que uma forma de governo onde a Religião é separada das decisões políticas, e as decisões políticas são separadas da religião. Onde o poder é separado da religião. É tão simples! Mas é incrível como tantas pessoas não conseguem entender essa simples divisão. A definição mais vulgar que posso encontrar para definir a laicidade do estado é aquele estado que está “cagando e andando para as manifestações religiosas”.

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Dentro de um estado laico uma pessoa possui a liberdade para expressar sua fé ou não-fé da forma que bem entender sem alguém a impedir de fazer isso. Os crentes podem continuar gritando em suas igrejas, os católicos podem continuar com suas missas e feriados, e os ateus podem continuar a xingar as religiões no facebook e no twitter. Mas isso tudo somente acontece porque é permitido pelo estado. Se tivéssemos um estado cristão, quem professasse uma fé diferente da aceita seria preso ou qualquer coisa do tipo.

Mas o que é esse tal de estado? Utilizando-me da definição moderna pela ciência política, o Estado é a reunião do Território, do povo, e do poder (político). E indo mais além, o poder está dividido em três, o legislativo, judiciário e executivo (sendo o executivo o que concentra mais poder político). Ou seja, tudo é o estado.

Um estado laico não pode ser um estado Ateu, pois dessa forma todas as formas de expressão religiosa estariam proibidas. Elas não seriam permitidas e o estado iria fomentar o ateísmo. Que é apenas uma forma de crer particular dentre tantas outras. Um estado Ateu destruiria toda a liberdade religiosa que a sociedade lutou tanto para conseguir.

Dentro dessa perspectiva começam questões como os crucifixos nas escolas públicas ou o “Deus seja louvado” nas notas de real, dizem que tais formas de se professar a fé destroem a laicidade do nosso amado Brasil. Dizem que devemos retirar todas as formas de expressão de fé das vias públicas. Mas lembro a vocês, o que é um estado laico? Um estado que defende todas as formas de expressão religiosa, sejam elas públicas ou não. Interferir nessas manifestações é justamente interferir no estado laico tão desejado.

As notas de real (que são a discussão do momento), são uma expressão de fé descolada do poder político. Uma vez que elas são apenas a moeda. Tanto faz se tem uma imagem de Deus nelas ou de um cachorro cagando, o valor simbólico que possuem será o mesmo. Elas continuarão a ser o dinheiro.

O problema dessa questão, é que procurar tirar o “Deus seja louvado” das notas justamente vai contra o que todos procuram. Defender um estado Laico seria defender que a nota continue igual, defender o estado laico é defender a possibilidade de todos expressarem sua fé. O que os ateus que se manifestam a favor do estado laico estão fazendo é justamente o contrário. Estão querendo destruir esse nosso princípio e transformar o Brasil em um estado Ateu.

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Se Deus não existe então tudo é permitido – Dostoievski

 

Começo esse texto com uma célebre paráfrase usada por Dostoievski (um grande religioso) sobre a relação que Deus possui com a liberdade humana. Mas antes de adentrar nesse assunto com maior profundidade preciso dizer que a cada novo texto de filosofia que leio, a cada novo filósofo que estudo, a cada dia que passo com um livro em mãos eu acabo chegando a uma conclusão terrível: Que a não-existência de um Deus é muito mais provável do que sua existência. Acima disso, esse assunto está cada vez me trazendo um profundo desinteresse. Até porque, após tomar uma posição de dúvida é muito complicado encontrar um argumento que confirme a existência e a não-existência de um ser divino.

Essas questões são levantadas quando tomamos assuntos como a liberdade, a psicanálise, a ética e a teoria do conhecimento (dentre outras).  Mas antes preciso deixar em evidência o que é esse Deus que estou falando. É a ideia de um ser onipotente, onipresente, e onisciente. A ideia de um Deus corpóreo, seja ele a ideia judaico-cristã, muçulmana  ou os deuses das mais diversas mitologias como Zeus, Odin, Horus dentre todos os outros. A ideia desse deus é de um Ser (seja ele com características humanas ou não) que possa atuar e interferir no nosso mundo. Além da ideia de um Deus criador.

Mas agora vamos tomar como ponto de partida a nossa frase inicial. Muitos religiosos argumentam que a religião é a unica coisa capaz de dar preceitos éticos e morais. Se não existe Deus, não existiria a ideia do bem e do mal. Não existiria nada que daria limites aos seres humanos. Viveríamos na mais completa anarquia, onde, mesmo limitados por leis, tudo ainda seria permitido. Porém, esse não é o ponto em que Dostoievski pretende chegar ao utilizar essa paráfrase atribuída aos irmãos Karamazov. A questão é que sem Deus a liberdade é plena, seriamos então, completamente responsáveis por nossos atos e por tudo que está acontecendo em nossa vida. Não existe mais essa de que a culpa é de Deus, ou as coisas aconteceram porque Deus desejou que fosse assim.

Nietzsche é um grande expoente nessa situação ao usar sua célebre frase “Deus está morto e nós o matamos” (Gaia ciência aforismo 125).  Para Nietzsche o ser humano precisa se tornar senhor de suas próprias ações e se tornar completamente responsável por sua vida. Precisa se libertar de suas dependências. Precisa assumir todas responsabilidades, e não depender de mais ninguém, além dele mesmo. É claro que essa perspectiva é um pouco assustadora, afinal “a culpa dessas coisas ruins em minha vida e de meu sofrimento é completamente minha”, e não são todas as pessoas capazes de assumir plenas responsabilidades por sua vida. Diria Nietzsche, ser um Super-homem é para poucos. É muito mais fácil colocar a responsabilidade em Deus ou em qualquer outra coisa.

A morte de Deus se dá muito mais nessa questão simbólica de Deus, onde ele deixa de atuar como aquele que define o destino das pessoas, bem como o regente moral da sociedade (até porque para Nietzsche Deus nunca existiu de verdade). Esse ser se torna em nada, está morto. E para a sociedade européia da época nada representou senão um resto de algo que já foi, mas que não valia nada. A sociedade não dependia mais de Deus para saber o que era certo e o que era errado, e não estava mais limitada por um Deus para fazer o que bem entendesse e fosse capaz de assumir as plenas responsabilidades.

Quem  desenvolveu mais essas ideias foi Sartre que disse que somos seres condenados a sermos livres. De tudo o que somos como seres humanos somos livres e temos plena responsabilidade por aquilo que fazemos. Se uma pessoa nega sua liberdade, isso ainda é um ato livre, pois tu escolhe não o ser. Tua liberdade é tua prisão. E porque o ser humano é plenamente livre e responsável por suas ações, responsabilizar um Deus por algo que tu fizeste é apenas uma atitude de má-fé (ver nota no final do texto para um resumo da má-fé). O ser humano é responsável por si e pelos outros. Se o mundo está da forma que está, a responsabilidade é tua, é minha, é de todos nós. É da humanidade e de mais ninguém. E se não fizermos nada para mudar, a responsabilidade continuará sendo nossa, diria Sartre.

A liberdade é um tema radicalmente ligado à religião. Mas por mais que as pessoas procurem responsabilizar Deus pelas ações humanas, por mais que a religião procure restringir a liberdade, escolher não fazer algo ainda é uma escolha e somos responsáveis por ela. Somos livres e podemos fazer o que quisermos, nada nos impede disso. Mas também devemos arcar com as responsabilidades. Se Deus não existe então tudo é permitido. E como Deus não existe, tudo é permitido. Mas além disso são duas coisas que quero deixar aos meus leitores. A questão de que somos plenamente responsáveis por quem somos e quem seremos. E a dúvida. Afinal, jamais poderemos saber se Deus existe ou não, mas podemos nos livrar dessa ilusão de que não somos livres! Devemos agir por nós mesmos, somos responsáveis por nossas ações, e não Deus.

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A má-fé de forma resumida é uma mentira a ti mesmo e as outras pessoas. É mentir sobre ser responsável pelas próprias atitudes. Deixar a escolha da liberdade para outra pessoa ou entidade. É deixar que a religião, os pais, o país escolha como tu deve agir e usar a tua liberdade. É claro que é algo que vai muito além, mas de forma resumida é isso.

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Nota: Escrevi esse texto as pressas, se acharem alguns erros gramaticais me avisem.

                Estou escrevendo este texto agora porque vejo que algumas pessoas não entendem a diferença entre o que é um Ateu e o que é um Agnóstico. Irei pegar fragmentos de textos que já escrevi e irei postar aqui, simplesmente para evitar o retrabalho de ter que escrever as mesmas coisas de novo.

                O que a palavra Ateu significa? Ateu é uma palavra oriunda do grego antigo que quer dizer “A Theos.” No grego moderno a tradução de Theos é simples, Theos significa Deus, então a tradução mais simples de o que é um Ateu seria “Aquele que nega a Deus.” Porém, qualquer pessoa que estudou um pouco de grego sabe que o significado das palavras não se limita a uma tradução simples, o significado das palavras gregas é muito mais amplo e representa muito mais coisas do que o limitado vocabulário português.

                Theos significa muito além de Deus, ele engloba todo o lado místico e espiritual. A noção de alma e espírito do cristianismo cai ali. A noção de espírito e entidades espíritas também está representada nessa palavra. A própria “energia do mundo” que os druidas antigos cultuavam cai na noção de Theos. Resumidamente, Theos seria tudo aquilo que não pode ser percebido pelos nossos cinco sentidos. Theos é o místico, o espiritual, o duvidoso, e o metafísico. Dessa forma, podemos chegar a conclusão de que Ateu não é somente a negação de Deus, mas sim a negação de tudo o que está além de nossos sentidos.

                Já agnóstico vem de “A gnosis”. Gnosis (de forma simplificada) seria conhecimento. O agnóstico afirma que é impossível conhecer. É uma postura de dúvida. O Agnosticismo pode acreditar ou não em Theos, mas sempre irá manter uma postura de dúvida perante todas as coisas que estão ao redor dele. Pode-se chegar a duvidar até mesmo da existência do mundo real. Até mesmo as “crenças” de um ateísta podem ser questionadas, uma vez que a única comprovação que ele possui são os sentidos. Agnóstico é o que duvida. Ele não ignora o conhecimento, ele só compreende que nunca poderá entendê-lo. Pode ser resumido pela frase de sócrates que diz: “Só sei que nada sei.”

                Resumindo e deixando claras as diferenças. O Ateu é a pessoa que nega a existência de Deus (Theos), e acredita que a única coisa que exista seja o mundo sensível.

                O Agnóstico é aquele que possui a dúvida sempre presente em sua vida. Ele não consegue “crer” em nada, uma vez que não tem certeza de nada. Para ele os sentidos não são tão confiáveis assim.

                Outra coisa que irei aproveitar para falar agora é que me falaram que existe uma postura chamada de Ateu Agnóstico. Bem, como a filosofia é feita de diálogo, eu irei fazer uma crítica a essa postura. Até porque o fato de que um filósofo inventou isso não quer dizer que eu devo seguir, e aceitar a existência dela. Ateu e agnóstico são coisas completamente diferentes e não podem ser complementares. O Agnóstico duvida até do mundo dos sentidos. Porém ele não fala em um nível de fé.

                A forma de não-crer dos dois são diferentes, é como se tentássemos comparar um católico com um Neo-Pentecostal. Eles são parecidos, acreditam em Jesus, mas a formas como vêem o mundo são inteiramente diferentes. Começando a Duvidar até mesmo da ciência e do mundo físico, a pessoa se torna um agnóstico, se o Ateu tiver essas duvidas, ele deixa de ser Ateu, e se torna agnóstico.

                Já se o Agnóstico não acredita em Deus (Theos) ele continua sendo um agnóstico. Se ele acreditar em Deus  (Theos) ele continua sendo agnóstico. A existência ou não desses tipos de fé, não o fazem deixar ou não ser o que ele é, uma vez que “A gnosis” é simplesmente a afirmação de que é impossível conhecer. Acreditar nesse algo é um ato de fé, mas não exclui o fato de que se é impossível conhecer.

Por isso que ser Ateu Agnóstico é impossível.

PS: Agnóstico Teísta é outra besteira.

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                O que a palavra Ateu significa? Ateu é uma palavra oriunda do grego antigo que quer dizer “A Theos.” No grego moderno a tradução de Theos é simples, Theos significa Deus, então a tradução mais simples de o que é um Ateu seria “Aquele que nega a Deus.” Porém, qualquer pessoa que estudou um pouco de grego sabe que o significado das palavras não se limita a uma tradução simples, o significado das palavras gregas é muito mais amplo e representa muito mais coisas do que o limitado vocabulário português.

                Theos significa muito além de Deus, ele engloba todo o lado místico e espiritual. A noção de alma e espírito do cristianismo cai ali. A noção de espírito e entidades espíritas também está representada nessa palavra. A própria “energia do mundo” que os druidas antigos cultuavam cai na noção de Theos. Resumidamente, Theos seria tudo aquilo que não pode ser percebido pelos nossos cinco sentidos. Theos é o místico, o espiritual, o duvidoso, e o metafísico. Dessa forma, podemos chegar a conclusão de que Ateu não é somente a negação de Deus, mas sim a negação de tudo o que está além de nossos sentidos.

                Eu adoro discutir sobre religião. Para as pessoas que me seguem no twitter poderão perceber isso. Eu adoro conhecer o máximo possível das formas de crer e de descrer também. Na internet eu acabo lendo muitos blog de Ateus que até mesmo são interessantes, mas eu acho três coisas em comum entre todos eles.

1) Eles defendem a dúvida e o questionamento;

2) Eles tem certeza na inexistência de Deus;

3) A ciência e a razão são colocados no topo.

                Eu não sei quanto a vocês, mas eu vejo certo problema entre essas duas primeiras premissas. Vejamos bem, quem duvida de tudo, não tem certeza de nada. Mesmo assim, a certeza na inexistência de Theos é argumentada ferozmente. Ora, a pessoa que duvida não terá certeza de nada. E eles tem certeza na inexistência de Deus. Logo, ou eles não duvidam ou tem algo muito comum em diversas religiões: fé.

                Muitos já me comentaram que a fé consiste em acreditar em algo na qual não se pode ter certeza da existência. Vejam bem, eu resumiria diferente. Fé é acreditar em algo que não se pode ter certeza. Agora me permitam fazer algumas perguntas retóricas, não respondam elas, pensem realmente, reflitam e verão que a resposta não é tão simples assim. Como se pode ter certeza da inexistência de Deus (Theos)? Em um campo metafísico a falta de evidências sensíveis não prova a existência ou inexistência de algo. Deus (Theos) é um assunto essencialmente metafísico, logo, utilizar os sentidos e a tão estimada ciência para argumentar a favor ou contra não quer dizer absolutamente nada.

                Irei expor de outra forma. Imaginem um ser humano. Esse ser humano sofreu um acidente e perdeu os cinco sentidos. Ele não vê nada, não escuta nada, não sente nada não sente cheiros ou gostos. Para ele a vida se tornou um poço vazio. Ele tem consciência de si, mas não das pessoas ao redor dele. Você decide visitá-lo. Da ultima vez que verificou, tu és uma pessoa real, você existe não é mesmo? Acredito que sim. Mas para esse garoto que nunca te conheceu, nunca te sentiu, e não te sente ao lado dele, você não existe. Então isso quer dizer que você não existe realmente? Não. Você existe!

                Ou seja, ser incapaz de sentir algo, não prova a inexistência desse algo. Mesmo que esse garoto creia que tu não existas, tu continuarás existindo. Então sabendo disso, como é possível ter certeza na existência ou inexistência de algo ou alguém? Eis uma questão interessante. Irei me aprofundar mais. Sabemos que nossos sentidos são impulsos elétricos gerados em nosso cérebro. O que nos prova que não somos um cérebro em um jarro dentro de um laboratório, e todo o nosso mundo não é uma mera criação de alguns cientistas?

                Espera um pouco, isso quer dizer que não podemos ter certeza de nada! Exato. Se deixarmos a dúvida presente, as certezas que nos cercavam irão lentamente se esvair. Mas o que nos faz continuar acreditando no mundo, nas coisas que nos cercam, que nos dá certeza de alguma coisa? Fé.

                Para se questionar tanto e continuar acreditando que esse mundo é real mesmo, e continuar acreditando na inexistência de Deus (Theos) somente existem duas alternativas. Não se pergunta, e/ou tens fé. E porque mais fé que um religioso? Ora, pois um religioso muitas vezes não se pergunta a respeito de nada, e por isso a fé dele é frágil. Já o Ateu se questiona, muito, e continua tendo certezas, por isso que a fé dele é muito maior. Sinceramente, eu admiro todos vocês, que questionam e ainda tem certezas.

Considerações finais: Para se aprofundar um pouco nesse tema, eu recomendo um outro texto que escrevi aqui no Blog. “O problema dos Universais” que trata justamente sobre o que é possível conhecer ou não. https://sentadonalua.wordpress.com/2011/12/04/o-problema-dos-universais/

Segunda consideração: Se você é Ateu e se ofendeu, se por acaso quiser me xingar, ou discutir comigo, eu te recomendo duas coisas. Primeiro leia meu texto A crítica para os Pseudo-Ateus https://sentadonalua.wordpress.com/2011/10/03/critica-aos-pseudo-ateus/, talvez o chapéu sirva. Depois disso, exponha a cara e fale comigo no Twitter @FilosofoDepre. Caso ache 140 char limitados, use o site twitlonger.com

Comentários, críticas, sugestões, convites para jantares podem ser feitos também pelo twitter, sempre estou por lá, sempre leio as mentions e as procuro responder de alguma forma. Eu tive que fazer dessa forma pelo fato de receber muitos comentários inapropriados aqui no blog. Quando a pessoa tem que mostrar a cara para argumentar ela parece que foge com o rabo entre as pernas.

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  Nota inicial: Este texto é direcionado à Pseudo-Ateus. NÃO É UMA CRÍTICA AO ATEISMO. Se você é Ateu, saiba que eu não estou criticando o que você acredita, não é um texto direcionado a ti Ateu, mas sim a um sub grupo que usa a mesma denominação que você, e que tu provavelmente tem raiva. Se tu não foste capaz de entender essa nota inicial e ficar ofendido(a) com o texto, então provavelmente és um Pseudo-Ateu.

  Você não acredita em Deus? Você critica qualquer “cristão” que vê pela frente em uma onda argumentativa que se repente já muito tempo? Acha que qualquer religioso é idiota de visão fechada que não merece seu respeito? Ainda utiliza o argumento de Hume para provar a inexistência de Deus? Não sabe o que é o argumento de Hume? Ainda mora na casa da mamãe? Se respondeste sim a maioria destas perguntas então tu és um Pseudo-Ateu, e esse texto é dedicado especialmente a ti.

  O que mais vejo na internet, principalmente nas redes sociais (a um tempo atrás no Orkut, hoje no twitter e facebook) são criancinhas que se consideram Ateus, porém não o são. São pequenos diabinhos que irritam a cada frase digitada. Com uma argumentação pobre e atitude extremamente infantil, decidiram que não iriam acreditar em um Deus. O fato interessante é que a internet está infestada deles, e com a rapidez em que opiniões são disseminadas a presença de pseudo-Ateus aumenta a cada dia, o que é um fato preocupante. É muito fácil distinguir um Pseudo-ateu de um verdadeiro Ateísta. Até porque, o Ateismo prega a liberdade, e a liberdade de pensamento, e o que um pseudo-Ateu (isso mesmo, você que está ficando irritado) é justamente o contrário. Um ser que se prendeu a mais crenças as vezes mais que em uma religião.

  O incrível é que pseudo-Ateus não fortalecem seus argumentos em grandes Filósofos ou sociólogos. Mas sim e “celebridades” da internet: “PC Siqueira é Ateu. Não Salvo é Ateu.” Para mim isso é pura desculpa de uma pessoa que não consegue reforçar suas crenças. Bastou o PC Siqueira postar no Twitter “Deus é uma mentira, eu não acredito em mentiras” que um rebanho de ovelhas repetiu isso como um mantra, SEM SE PERGUNTAR O MOTIVO DE ACREDITAR NISSO.¹ Não é justamente o contrário que o Ateísmo prega? Alias, qual o motivo de uma pessoa na internet ser considerado uma referência no assunto? “Ah… ele leu a bíblia…” E daí? Ler a bíblia saber criticá-la não prova lá grandes coisas, até porque, existem diversas outras religiões. “Ah ele tem 900 mil followers”. Isso quer dizer que falar para 900 mil pessoas as suas convicções conta? Bem, santo Agostinho foi lido por pelo menos 10 vezes mais ao longo do tempo. São Tomás de Aquino também teve quantidade similar. Isso provaria que eles tem mais valor que ele, e logo, que Deus existe.

  Além disso, como qualquer ser humano normal, quando se faz uma crítica deve se falar o porquê. Se o PC Siqueira afirmou a inexistência de Deus, ele deveria prová-la para ter qualquer valor Filosófico/Teológico. Se não, ele continua sendo um qualquer que não tem valor algum em uma argumentação.  “Ah, mas Stephen Hawking afirmou que o céu é apenas um conto de fadas. Ele é um físico famoso em todo o mundo.” Ele continua sendo humano. Eu o admiro, admiro mesmo como físico, porém, se ele falar que o céu é um conto de fadas, ele tem que explicar porque, coisa que não vi.

  Outros argumentos que vejo muito são pessoas quotando Nietzsche, Marx ou Darwin para argumentar.Primeiro: Nietzsche era Agnóstico, ou seja ele acreditava na existência de uma entidade superiora. O “Deus está morto” que é tanto repetido tem um significado completamente diferente, mas isso é assunto para outro texto.

  Segundo: Marx com a “religião é o ópio do povo”. Ora, o que vocês Pseudo-Ateus estão inseridos é exatamente a mesma coisa. Tirando o fato de que vários analistas de Marx consideram que ele seja genial, mas a filosofia da religião dele é muito fraca e pobre.

  Terceiro: Se não leu a Evolução das espécies de Darwin então não use ele, pois se tivesse lido saberia que não é um livro que serve de grande base para a argumentação.

  Eu começo a acreditar que Pseudo-Ateus nunca se fizeram a pergunta “Será que Deus ou o divino existe?”. Quando você conseguir formular uma resposta com os “porquês” certos e se convencer de que Deus não existe, ai sim você será um Ateu. A partir do momento que você conseguir abrir a cabeça e ver a sabedoria contida nas pessoas que acreditam em Deus mesmo não acreditando nele você será um Ateu. Quando conseguir tomar alguma bebida com um padre católico enquanto conversam sobre a religião ao meio a risadas (mesmo não seguindo a religião do padre) ai você será um Ateu. Até porque, quem foi o idiota que instituiu que qualquer religioso é mente-fechada e não entende nada? Parece até que muitos Pseudo-Ateus pregam que possuem a verdade universal², mas espera ai, pregar uma verdade universal não é exatamente o que vocês criticam na religião?

  Passem a ter uma mente aberta, se permitam aceitar, e não simplesmente xingar no momento em que suas crenças são atacadas, até porque tudo está ai para ser criticado, e para ser sincero todos os argumentos Teístas que li são muito mais poderosos e fortes do que qualquer argumento Ateu. Por isso é necessária muita cautela com isso, pois na internet você não acha pessoas com muita cultura dispostas a debater. Mas o momento que você está na faculdade e um professor sorri para ti com um sorriso sarcástico enquanto cita 3 filósofos diferentes e destrói todo e qualquer argumento na frente de toda a sua turma, acreditem, não é uma experiência agradável, e eu já vi acontecer (com um amigo, juro!!).

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