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Archive for the ‘Uncategorized’ Category

Uma História

A morte do calor não é fria, e sim morna e monótona. J. Gleick.

E estava morno dentro de mim.

 

Estava ausente – deixe seu recado após o sinal – poderia responder dentro de uma semana. Era como ser uma vela rasgada, sensações me atravessavam. Nenhuma capaz de me mover. Torcia pela dor, por algo. Dentro de mim não havia conflito, nem movimento, nada. Eu era apenas os ecos do meu passado.

Fogo e gelo são energia, possibilidade. Apenas opostos de fatores que movem o espírito. E quando não existe nada, não existe vida. Sobra apenas a monotonia, a inércia de um autômato. Nada parecia alimentar a minha alma, a experimentação era tão tediosa quanto as tardes deitado no sofá. Não existia futuro, apenas os lamentos de um passado apagado.

No entanto, tu acendeste a chama no meu coração. Não foi como a chuva que me pegou desprevenido, muito menos me levou à um lugar seguro. Tu não tinhas nada para me oferecer. Nada para dar. Só tinha a ti mesma. E apenas segurou a minha mão. Não era confiança, não era um momento. Não era… nada.

 

Mas naquela noite, o mundo começou novamente.

 

E, apesar de não estar mais aqui, no final, tu me deste uma história.

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185 Dias

“Você está ai?”

 

                Quais dos meus “Eus” tu chamas? Estou, mas talvez não aqui. Estive… quem sabe somente não no lugar que me procuraste. Quem procuraria por mim? Boa pergunta. Na verdade boas perguntas são tudo que tenho tido por um tempo. Como posso saber quem é esse eu, e qual é o lugar que procuraste por ele. Acredito que procuramos com frequência nossos eus, nossas identidades. Uma busca sem fim, um sentimento de saudades de um “eu” que parece ter se perdido.

                Converso comigo mesmo. Um estranho solilóquio. Comecei a escrever esse texto enquanto tomava um café na universidade. Existe certo misticismo em tomar essa bebida, principalmente com outras pessoas. São dez minutos de solidão enquanto olho as pessoas passarem pelo campus, são dez minutos que me busco dentro de mim e me preparo para as aulas. As vezes tenho até mesmo medo de me sentir como o garoto solitário ao lado do bar. Já não sei mais se eu seria uma boa companhia para o café.

                Tenho medos bobos. Pois é, acho que muitas vezes me perco dentro de mim, evito me achar. Como se eu não quisesse ver meus defeitos, enfrentar a mim mesmo. Parece mais fácil deixar o tempo passar, talvez ele arrume o que não temos força para fazer. Outras vezes eu me encontro, mas sinto minha voz falhar, teria tanto a dizer… Embora no final só me restem milhares de frases soltas. Escrever um texto as vezes tem sido como bagunçar um monte de pecinhas de quebra-cabeça, e tentar ir aos poucos tentando construir algo além disso.

                Eu queria ser muito mais do que sou. Ir além do que hoje posso fazer. Mas não tenho nada disso. Acho que por alguns minutos posso esquecer-me da saudade me contentar em ser somente eu.

                Estou aqui, estou em mim.

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Meu lugar especial

Há um lugar onde confusões deixaram de existir. Este local não existe apenas como uma memória. Também não é apenas mera imaginação. Ele se encontra por entre as palavras. Nos momentos de silêncio em que me lembro de seu olhar.

Existe um lugar, um algo sem nome, que eu não esperaria poder defini-lo senão pelas entrelinhas de seu rizo. Ele se cria através de seu sorriso, se propaga por seu abraço, e se concretiza em seu beijo. É lá, dentro daquele local sem confusões que foi-me dito que te amo. Eu sei que, por trás de sua face corada, algo me diz que não precisarei de outra pessoa senão você.

E se eu me perder em mim, se a confusão é tamanha já não preciso ir tão longe. Apenas penso em ti e já posso estar nesse local. Ora, o que mais eu precisaria além dessa lembrança, da forma como você ri, para ter certeza do que sinto?

Mesmo que a beleza de nossas memórias às vezes possa nos trair com a dureza da realidade. Algo em seu olhar me dirá que a realidade nunca é tão dura quanto parece. Você até pode me perguntar se é para sempre. Não sei, eu realmente não sei. Mas fique ao meu lado e iremos descobrir. De alguma forma gostaria de poder te dizer todas as coisas que existem em meu coração, mas, como poderia com palavras tão limitantes? Poderia então, ao menos tentar te mostrar esse lugar…

Sempre poderemos ir para lá. Um lugar onde não somos mais conhecidos. Ficaríamos sozinhos, esquecidos, para sentir essas coisas que tanto queremos; em nossa ingenuidade, permaneceríamos jovens, jovens para sempre…

Que outra Vitória eu poderia querer em minha vida senão você?

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E ai, tu se lembra? Provavelmente agora que falei tu deve ter se lembrado daquela mulher que matou o yorkshire a pancadas em dezembro de 2011 (poxa cara tá tirando coisas do fundo do baú!). Mas e ai, tu ainda se importa com o Yorkshire e sua assassina? Não minta, certamente não. Mas para explicar para quem não estava na internet aquela época, irei recapitular. Em 16 de Dezembro (ou por volta desta data) caiu na internet um vídeo de uma mulher matando um Yorkshire a pancadas. Tu já podes imaginar o que aconteceu depois. A internet se mobilizou! Protestos, imagens, mensagens de ódio e pessoas dando o seu suporte ao falecido cão pipocaram em todas as redes sociais existentes. Yorkshire chegou a ser Trending topic por uma semana (ou um dia).

Enfermeira mata cachorro Yorkshire na pancada

“Assassina!”

Nessa época eu falei que esses “protestos” não iriam durar nem uma semana e logo todas as garotas politicamente corretas e socialmente engajadas já teriam esquecido do tal do cachorro, e ninguém mais se importaria com esse assunto. Bem, o que aconteceu? Exatamente isso! depois de algumas semanas ninguém mais falava na mulher ou no cachorrinho. Era como se nada disso tivesse acontecido.

Todo mundo sabe muito bem que as coisas que explodem na internet costumam sumir com a mesma velocidade. Mas esse acontecimento de protesto por justiça (justiça pela morte de um mísero cão) terminou tão rápido quanto começou. Na época todo mundo se importava com o Yorkshire, chamavam a mulher de assassina. O tempo passou, muitos se esqueceram, e os que ainda são capazes de se lembrar desse fato não se importam mais. Isso levanta um problema muito sério desse ativismo de sofá, a velocidade com que as pessoas se esquecem das causas. Na internet ninguém segue um acontecimento do início ao fim, param na metade e logo mudam para uma causa muito mais nova.

Hoje é um protesto diferente, é uma nova causa social que está em alta (Renan Calheiros, alguém?). Mas será que irá acontecer justamente a mesma coisa que o Yorkshire? Provavelmente sim (já quase não protestam mais contra esse tal de Renan), processos que levam tempo para serem julgados perdem a força justamente pela rapidez com que as pessoas perdem o interesse pelo assunto. É só pensar em quanto tempo demorou para o mensalão ser julgado. Se dependesse da fiscalização do povo virtual, esse escândalo teria facilmente sido esquecido.

O que me parece é que no Brasil tudo são Yorkshires. Ou como minha avó dizia, é fogo de palha. Queima rápido, mas apaga tão rápido quanto. Que tal escolher apenas uma causa e lutar por ela até o fim? Acho que assim as coisas poderia ao menos se realizar, e não simplesmente serem lançadas para esquecimento assim que algo mais novo aparece.

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Plágio

Não, esse não é um texto sobre a Gina Indelicada. Eu já expressei minha opinião sobre esse assunto em minha página do facebook. O que vim falar aqui é sobre um plágio muito mais sério, e que me afetou a um nível extremamente profundo. Todos sabem que não gosto de ser copiado. E eu já passei por isso muitas vezes no twitter. Mas isso nunca me afetou, é algo que aprendi a conviver, e desde que essas pessoas não ganhem dinheiro com isso, por mim está tudo bem. Mas hoje eu enfrentei um plágio muito pior.

Sempre pensei que os textos aqui do blog estariam “protegidos”, por seu caráter mais subjetivo, longos e muitos com certa complexidade. E então… descobri que estava errado. Vi textos muito importantes para mim roubados, colocados em outros lugares sem créditos ou qualquer coisa do tipo. E isso me machuca como se alguém tivesse ferindo o meu corpo. O texto foi o “Olá solidão”, mas estou com uma pulga atrás da orelha de que “O bom garoto” também foi roubado.

Eu adoro escrever. É uma das coisas que me acalma, me faz colocar para fora sentimentos, me dá uma voz, e dá asas a minha criatividade, por isso gostava de divulgá-los, de mostrar esse meu “ser” que assumia a forma de palavras, de contos e personagens. Esse tipo de texto, são lugares em que coloquei o meu ser dentro deles, me dediquei de corpo e alma e eles são a verdadeira expressão do meu sentimento e de passagens da minha vida. Eles são o fruto de minhas vivências, dores e pesares. Vê-los roubados, vê-los plagiados me fez muito triste, me feriu como se alguém tivesse me ofendido de forma direta. E isso me fez tomar uma decisão radical:

 

Irei tirar todos os textos desse tipo do blog. Estarão inclusos “Olá solidão”, “O bom garoto”, “Desde que você se foi” e “Do que são feitos os sonhos”. Além disso, não mais irei postar textos assim no blog, na internet ou em qualquer lugar.

 

A decisão certamente é radical, mas é a única coisa que posso pensar para evitar ser roubado ainda mais, e evitar futuras recorrências. Mesmo que continue a escrever, tais textos ficarão reclusos a mim e poucas pessoas próximas de mim, ou se algum dia eu publicar algo. Outros textos continuarão sendo escritos e postados.

 

PS: Eu sei que muitos de meus leitores não irão gostar de minha decisão. Eu sei que existem pessoas que gostam de ler aquilo que eu escrevo. Mas eu realmente não sei o que fazer, se tiverem alguma sugestão, deixem via comentário discutiremos e tentaremos achar um ponto de equilíbrio.

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  A criação da internet, e posteriormente as redes sociais possibilitaram a comunicação com uma infinidade de pessoas. É possível encontrar e conhecer pessoas rapidamente. E a cada inovação das redes, existe uma facilidade muito maior para que se conheça pessoas com gostos muito parecidos com os seus. Tal fato deveria criar uma rede de indivíduos com gostos parecidos, e também colocar em contato pessoas que já não possuíam meios de se comunicar.

  Porém, o que de fato acontece é uma deturpação do uso das ferramentas criadas. Acredito que todos os leitores conheçam o Orkut e o estado deplorável que essa rede se encontra. Começo falando do Orkut por dois motivos. Primeiramente, pois a maioria dos internautas brasileiros já fez uso dele, e também, pois como foi a ferramenta mais usada pelo maior período de tempo ela exibe os sinais mais claros dos problemas do uso das redes sociais.

  O Orkut já não é mais usado como uma ferramenta de comunicação. Mas sim, se tornou um núcleo que exibe o que há de mais tosco no povo com acesso à internet. Com uma rápida análise pela rede podemos perceber o efeito “manada” que consiste em um grande agrupamento de pessoas com uma idéia e/ou ação parecida. Algo que também pode ser entendido por “modinha”. O que fica mais claro é uma excessiva carência. A maior parte dos usurários demonstra uma carência e insegurança excessiva. É por isso que podíamos encontrar usuários fazendo de tudo para se divulgarem. Garotas em busca de atenção e elogios (o mesmo valia para garotos) fotos bizarras, textos e histórias contando o que havia de mais íntimo de uma pessoa simplesmente pela atenção virtual que aquilo providenciava, além de que o Orkut era visto como um lugar para se divulgar a fé (porca), e também as piadas (sem-graça) que haviam por ai.

  Podemos ver que o Facebook se encaminha para o mesmo destino. Com compartilhamentos toscos de protestos, piadas, campanhas, “revoluções”, pessoas, e páginas mendigando por likes, ou compartilhamentos… Perdeu-se o propósito de se compartilhar apenas o que havia de mais interessante, ou então um espaço para se postar fotos próprias ou conversar com outros usurários. O facebook se encaminha para virar o novo lixão da internet brasileira, onde as massas depositam, ou melhor, vomitam toda a podridão que há nelas.

  E é exatamente esse o problema. A internet virou o lixão de conteúdo das massas. Elas defecam e exibem a verdadeira face pobre e tosca do povo brasileiro. A perspectiva para o futuro também não são as melhores uma vez que essa consiência não existe. A história nos mostra que a atitude de nosso povo segue muito o efeito manada, uma postura passiva e que segue o caminho de alguns poucos e consequentemente continuará a encher de lixo cada rede social que surgir.

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Olá solidão, você por aqui de novo? Venha, entre, vamos tomar um café. Como anda sua vida, minha doce dama? Ah, entendo… mais uma amante, é isso mesmo? Você realmente adora essas relacionamentos poligâmicos minha dama. Mas sabe, tu poderia ser menos ciumenta. Me deixar trancado nesse pequeno espaço as vezes dói, as vezes me falta ar.

Como está o café que a servi? Amargo, como gosta não é? Escuro como as trevas, profundo como um poço sem fim. Ele tem gosto que quando você bebe um pouquinho ele não vai sair da sua boca tao em breve. Como eu chamo ele? Ora minha dama, esse café foi batizado em tua homenagem. Se chama Solitude.

Brindemos, um brinde a nós dois, um eterno romance, uma eternidade amarga que não terá fim. Minha dama, você cuidará de mim quando as feridas se abrirem? Minha Dama, porque até tu me abandonas? Minha dama, porque não permite que eu conheça outras…?

Minha dama… porque gosta tanto de me ver sofrer…?

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Declaração de Amor

Já me peguei pensando se ela era real… Essa dúvida permanece na minha mente, não consigo evitar, pois,  ao redor dela, uma áurea de mistério. Ela é bela, mas o que a torna assim é diferente, sua beleza é singular. A forma como seus olhos brilham, a forma como os olhos da pequena menina mostram suas emoções. Seu sorriso, a forma como ela olha para o céu, a forma como seu olhar é curioso como sempre estivesse buscando algo. A maneira como meche em seu cabelo, como dança de forma desequilibrada sob a luz do luar mesmo sem música.

Seu olhos tão puros e tão inocentes… seu sorriso que parece de uma criança…

É tão difícil de entendê-la… seus olhos as vezes são vagos, tristes, vazios… O que ela estaria pensando? Será que sofre? Eu apenas queria entendê-la. Tomá-la em meus braços e dizer que estará tudo bem. Dá-la um beijo tranquilo que dissesse tudo aquilo que as palavras não conseguiriam…

Ela é tão pequena, tão frágil…

Uma pequena boneca de porcelana.

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Acredito que todas as pessoas que tiveram um namoro presencial já perceberam esse fato. Aparentemente se cria uma áurea de atração em volta da nossa pessoa que simplesmente atrai as pessoas do sexo oposto. Mas por que isso ocorre exatamente? Antes de sermos capaz de responder essa pergunta, provavelmente teremos que definir que tipo de relacionamento estamos falando. E eu me refiro apenas ao relacionamento presencial, exclui-se aqui os namoros a distância que a cada dia tornam-se mais comuns no meio das redes sociais. O relacionamento a que me refiro é um namoro sério, cujas pessoas consigam se ver no mínimo 1-2 vezes por semana. E nesse relacionamento temos algo bem clichê como beijos e abraços em quantidade e um nível de intimidade elevado.

Ok, nós temos o nosso relacionamento normal, vamos também definir nosso casal de namorados. Ambos são “normais” sem nenhum atributo estético que os destaque, mas também não são feios. Estão na média. Então, porque tanto para os homens como para as mulheres a procura aumenta? Para ambos acredito que ocorram coisas muito diferentes, mas que terminam resultando no mesmo fim.

Para mulheres a questão que ocorre é muito mais simples que para os homens. Uma garota normal já está acostumada com garotos a tentando seduzir. Até porque, qualquer amigo homem que não seja gay que ela possua ficaria com ela se tivesse uma abertura. É muito raro achar um garoto que realmente cumpra as palavras “apenas amigos” quando recebe uma abertura para algo além com sua amiga (considerando que ele esteja solteiro). Quando a garota namora essa sedução que está ao redor dela apenas fica mais aparente, um pouco mais aguda também.

Na mente de muitos garotos ocorre o seguinte: “Se um quer, então deve ter algo de especial ali nessa garota.” E é por isso que ela fica mais atraente, mas o fato mais interessante que ocorre é que normalmente um garoto não percebe que seu “alvo” está namorando até que ela faça algum movimento mostrando a aliança de compromisso ou que simplesmente fale. E esse fato diferente do que elas pensam, apenas irá fazer com que o garoto a deseje ainda mais. Dependendo da forma como a garota se comportar ele irá considerá-la como um desafio. Se a mulher der assunto para o garoto mesmo após ele ter demonstrado interesse e ela ter deixado claro que estava namorando, ele irá entender como “Ela está interessada, só está me dizendo para tentar mais.” Garotas, a solução mais eficaz é cortar o mal pela raiz, pois quando um garoto está “seduzindo” é claro que ele será um cara legal, mas a verdade é que ele só estará esperando a chance, mesmo que ela talvez nunca chegue.

Concluindo. Quando uma mulher namora, a quantidade de homens aumenta por dois fatores. Um pelo fato de “Se um quer, então deve ter algo de especial ali nessa garota.” E segundo é porque essa garota passará a perceber muito melhor os garotos que já estava a tentando seduzir. Garotas, muito cuidado com seus amigos.

Agora entramos no assunto mais intrigante, uma coisa que faz com que muitos garotos que começaram seus namoros recentemente passem noites em claro tentando arrancar seus cabelos e frustrados pelo que está acontecendo aos seus arredores (exagerei). Porque os caras que namoram atraem muito mais quando estão namorando do que quando estão solteiros? Depois de pensar muito eu consegui chegar a uma conclusão que me satisfez. É por causa da garota, e do “cheiro”.

Muitos garotos afirmaram que era por causa da aliança de compromisso, eu já fiz o teste e usei por um tempo (sou solteiro) e mesmo assim não mudou nada. Então o fato de usar a aliança não muda nada. A relação está na garota que decidiu ficar ao seu lado. No fundo, somos animais, ou seja, ainda algumas partes do nosso cérebro conseguem reconhecer certos “cheiros” primitivos. Um garoto que namora irá acabar ficando com “Cheiro de mulher.” Esse cheiro de mulher é o que atrai as outras ao seu redor. Um garoto que namora acaba por despertar a curiosidade do sexo oposto ao seu redor. Um rapaz acompanhado cria uma “áurea” ao redor dele que faz com que mulheres seguras de si queiram o seduzir pelo simples prazer de seduzi-lo. Ele se torna o desafio, e “o cheiro de mulher”, faz com que mesmo que a namorada dele esteja longe ele termine ficando muito mais interessante.

O Anime Spice and Wolf (Altamente recomendado) desenvolve muito essa questão da forma como o garoto acompanhado atrai muito mais a atenção do sexo feminino do que o solitário. Ninguem caçaria a ovelha sozinha, mas quando a ovelha possui um lobo ao seu lado ela de repente parece muito mais saborosa, e você decide ir atrás dela. Mulheres quando se trata de sedução são caçadoras, elas que acabam por escolher seus parceiros, então acabam procurando aqueles que se parem o verdadeiro desafio, e muitas vezes são os comprometidos.

Quando um homem começa a namorar é como se a namorada dele se transformasse em um grande letreiro digital apontando para o garoto com as seguintes palavras “esse aqui parece ser interessante.”

Nota: Os comentários estão bloqueados. Comentários sobre o texto, discussão, perguntas, críticas e afins podem ser feitos com meu twitter. @FilosofoDepre sempre leio minhas mentions, e sempre as procuro responder.

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Nota Inicial: Esta história foi inteiramente baseada em um Tweet de uma doce amiga. A @docesinestesias esse tweet tem tanto significado para mim, que eu tive que escrever uma história que pudesse ser capaz de descrever tudo o que aquelas simples palavras me fizeram sentir. E assim surgiu esse conto. E dessa forma, eu dedico ele a duas pessoas, a primeira já está bem claro a quem é, justamente a autora do Tweet e a inspiração e motivação para escrever tudo isso. A segunda, eu infelizmente não posso dizer, mas eu aposto que se ela algum dia ler este texto, saberá muito bem que ele é dedicado à ela.

Agora, antes de ler, quero todos que leiam o tweet, e se entenderam a profundidade do sentimento como eu entendi, dêem retweet. http://twitter.com/#!/docesinestesias/status/121644047352872960

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Meu coração ainda ouvia as batidas daquele instante.

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O relógio da estação da consolação se movia lentamente. Os barulhos do metrô mais abaixo já produziam uma estranha sinfonia, um estranho som melódico e metálico. De vez em quando uma grande quantidade de pessoas passava pelas catracas na frente de um jovem. Elas seguiam suas vidas, pareciam nem se importar com o fato de ele estar lá parado as observando com um olhar cheio de esperança. Ele, como cada uma delas era somente mais uma na multidão. Porém, algo parecia chamar atenção nele. Todos o olhavam. Seria o chapéu preto que usava? Ou o fato de segurar o celular com força na mão esquerda? Ou até mesmo sua altura de aproximadamente 1,90? Nem mesmo o garoto sabia, aquela atenção o deixava ainda mais nervoso.

Suspirei. Já havia pelo menos meia hora que ela havia me mandando a última mensagem. E já se passaram quarenta e cinco minutos desde que tinha chego à estação. Tínhamos combinado que iríamos no encontrar as nove da manha, mas já era quase dez. Será que algo tinha acontecido com ela? Porque diabos essa garota não me mandava uma mensagem? Será que ela não entende que eu estou preocupado? “Se acalma garoto, se não eu vou te bater.” Havia sido a última mensagem que ela tinha mandado.

-Acho que vou acabar apanhando… – murmurou cabisbaixo.

Mas como me controlar? Meu coração batia acelerado desde que havia saído de casa para uma viagem maravilhosa. A qualquer instante ela iria subir aquela escada rolante parecendo uma princesa, e um dos meus maiores sonhos iria se realizar. Queria parecer calmo, mas como me acalmar quando esperei por esse momento já tinha mais de um ano. É claro que não! Meu coração… Meu coração não poderia ser controlado. Será que ela estaria tão empolgada quanto eu para me ver pela primeira vez? Eu não teria como dizer, mas talvez os olhos dela me mostrassem… Embora, para isso teria que esperar. Esperar só mais um pouco.

Fechei os olhos por um breve momento, as memórias da viagem ainda estavam vívidas em minha mente. Eu não dormi essa noite de tanto nervosismos para vê-la. Um leve sorriso surgiu em minha face. Me sentia um bobo. Bobo no meio daquela multidão do metrô enquanto esperava por aquela minha companheira tão especial. Acordei as 3:30 da manha para viajar. Porque tão cedo? Ora, moro em outro estado, precisaria pegar um avião, é claro. Meu pai me levou até o aeroporto, eram duas horas de viagem de carro em uma estrada escura e solitária, eu e ele conversamos sobre filosofia, sobre Deus e… Sobre ela…

Ah, porque fiquei com a face avermelhada só do pensamento sobre essa garota? Balançando a cabeça tento afastar pensamentos que me envergonham de minha mente. Principalmente a forma como meu pai fala dela, ele sabe que gosto dela, e ele também sabe o quanto lutei para que essa viagem pudesse sair do papel, e em uma última tentativa de me ajudar, ele até mesmo negligenciou o sono para me levar até o aeroporto!

Eu sentei especialmente na janela do avião, sabia que um dos maiores espetáculos da natureza me esperava naquele vôo: o nascer do sol. Estar lá, sentado naquele banco apertado do avião. Sentindo o leve passar do tempo, a minha respiração pesada, o silêncio da noite que aos poucos iria tornar-se dia. Antes mesmo do avião decolar já poderia sentir uma mistura de sentimentos no meu peito.

-Sou um garoto muito idiota, né? – murmurei olhando meus pés, como se pudesse falar com ela.

Só havia um pensamento em minha mente. “Eu vou vê-la… Eu vou vê-la… Eu vou vê-la…” Essas poucas palavras se repetiam em meu pensamento, cada vez mais carregadas de sentimento, cada vez mais carregadas de felicidade. Minha respiração era calma, se ficasse mais agitado, não sabia o que poderia acontecer. E então… O avião decolou.

Não respirei até ele sair do chão. Era o primeiro grande passo de minha viagem. Olhava pela janela, para a forma como ele acelerava, meu corpo era pressionado contra o banco, o coração parecia estar parado. Então, meu corpo ficou leve indicando que já estava no ar. Uma paz invadiu meu peito, um sorriso idiota no meu rosto e uma lágrima em meus olhos.

-Não vou chorar… Não vou chorar… – repeti para mim mesmo como se isso fosse realmente adiantar.

Era difícil aceitar a idéia de que um sonho vai se realizar. As pessoas têm a crença de que sonhos existem somente para ficarem separados da realidade, que eles nunca irão se realizar, então se ficam perto de alcançá-lo, podem muitas vezes até mesmo dar as costas a esse sonho. Porém, eu ali, nesse avião, sentia que iria realizar meu sonho. Não iria dar as costas para ele. Lutei, trabalhei, enfrentei a oposição até mesmo de minha família que não queria me deixar viajar sozinho para uma cidade grande como São Paulo. E eu tinha vencido! Pois agora sobrava a parte boa desse sonho, que seria apenas aproveitá-lo.

-Eu vou te ver Anita! Eu vou te ver! Anita… Eu vou te ver! – Murmurei baixinho, um cântico, uma tentativa de tentar te passar por pensamento essa minha alegria.

E ela era tamanha… Que chegou a se condensar em lágrimas. Limpei rapidamente com a mão. Não queria ninguém olhando para mim e pensando qualquer tipo de coisa. Queria apenas aproveitar aquele momento. Aquela felicidade. Nossa, meu coração está leve, meu coração está quente! Meu corpo todo está quente! Minha respiração, tranqüila. A ponta dos meus dedos chega a formigar. Então é isso que chamam de felicidade? Eu não consigo acreditar no que estou sentindo. Nunca senti isso, parece que tudo sumiu… E agora só restou o sol… O sol…

Olhei pela janela, e então o vi. As águas do rio Guaíba estavam douradas! Elas se movimentavam lentamente, pareciam ser de ouro puro. O céu era uma mistura entre a noite e o dia. E justamente na linha do horizonte, uma linha vermelha como o fogo. Ela aos poucos ia jogando um brilho alaranjado pelo céu. Parecia que Deus estava pintando aquela obra-prima no mesmo momento em que eu a observava. E então… O sol apareceu.

Meu coração parou. As lágrimas começaram a escorrer, eu não conseguia parar. Eu ria enquanto chorava. Aquela sensação de leveza, de paz. Eu realmente ia vê-la! E fui presenteado logo na ida com o maior presente que um ser humano pode receber. O sol me recebia, o calor dele me envolvia. Envolvia meu coração, e ele batia de uma forma única, uma forma que nenhuma palavra iria descrever. Eu estava realizando o meu sonho! E justo nesse mesmo momento, eu via o nascer do sol mais belo do mundo!

– Se algum dia me perguntarem o que é felicidade, eu irei responder que senti nesse momento. – murmurei soluçando.

E agora eu estava ali na estação. Em quanto tempo eu a iria ver. Vê-la pela primeira vez… Pela primeira vez iria ouvir sua voz. Queria mandar mais uma mensagem, queria saber se ela estava bem. Mas, será que eu estava bonito o suficiente para vê-la? Será que ela acharia que eu me vesti bem? Será que ela não iria se importar com o fato de eu usar um chapéu? Virei e me olhei em um vidro da estação, dava para ver meu reflexo vagamente. Usava uma calça Jeans nova, nunca havia usado ela antes, era a minha melhor calça, uma Levis, parecia até que a guardei para aquele momento tão especial. Uma camiseta inteiramente branca com uma camisa xadrez em tons de azul claro terminava a forma como estava vestido.

Sorri amarelo apenas observando a forma como meus olhos castanhos brilhavam. Um cavanhaque bem trabalhado decorava meu rosto, e uma leve franja de meus cabelos castanhos saia por debaixo do chapéu. Era a primeira vez em que olhava meu reflexo, e meus olhos não mostravam tristeza. Era a primeira vez em que via meus olhos brilharem com felicidade. Será que isso era um sinal?

-É… acho que estou bem arrumado, espero que esteja… droga… tudo tem que estar perfeito… droga… droga… – Murmurei enquanto me olhava.

Sim, eu estava cada vez mais nervoso. Mas tinha uma coisa que me acalmava, tinha certeza que me acalmaria. Olhei no meu celular as mensagens que ela tinha me mandado. Mensagens que toda a vez que eu lia me faziam derreter. Faziam meu coração acelerar e minha respiração ficar levemente tensa.

“Não consigo dormir e você não sai da minha cabeça…” Enviada as 4:30 da manhã.

“É… eu também te amo” Enviada as 3:30 da manhã

Sorri bobo. Ok, acho que cheguei no auge da vergonha. Todas as pessoas ali na estação me olhavam. Balancei a cabeça. Alguns funcionários até mesmo riam levemente de mim. Sim, eu estava ali parado já fazia uma hora. É claro que isso seria estranho. Mas uma coisa me assustava ainda mais, era a forma como as garotas me olhavam. Seria desejo o que via no olhar delas? No Rio Grande do Sul era muito raro uma garota me olhar com esse desejo. Então porque isso? Se vocês me olharem dessa forma eu vou ficar ainda mais envergonhado…

Desviava os olhos sempre que meu olhar encontrava o de outra mulher. Porém, ela continuava me olhando. Não! Isso é só minha imaginação, sim… Deve ser minha imaginação, eu não sou bonito. Deve ser meu chapéu, ele atrai a atenção das pessoas. Mas ao mesmo tempo, me vinha na cabeça o que algumas amigas que conheci pela internet me diziam quando viam minhas fotos: “Se tu fores para SP, algumas garotas irão te atacar até mesmo na rua.” Ah, mas devia ser só uma piada, sim, por favor, seja uma piada! Não estou acostumado com essa atenção. Até porque…

-Eu já tenho uma dona, né… Anita? – Murmurei sem graça com algumas memórias.

Respirei fundo enquanto guardava o celular no bolso. Precisava apenas me acalmar. Tinha que me acalmar pelo nosso bem, pelo bem do nosso encontro. Fechei os olhos, e fiquei olhando para o lado direito, meu olhar se perdeu em um dos mapas do metrô. Não consigo dizer quanto tempo se passou, mas eu senti algo de meu lado esquerdo. Essa coisa se aproximava lentamente. Logo quando virei a cabeça… eu a vi.

O tempo parou. Tudo parou de se mover. Lá estava ela. Sim! Era ela! Anita! Meu coração parou. Minha respiração parou. Ela estava linda! Era uma garota maravilhosa, mais bela do que eu jamais poderia ter sonhado. Estava vestida de Sweet Lolita. Caminhava de uma forma leve, um pouco desengonçada, parecia uma bonequinha. Usava um vestido que lembrava uma boneca de porcelana, o vestido que usava cores claras e lembravam o doce era levemente armado. Os sapatinhos eram avermelhados com um laço costurado por cima. As unhas tão perfeitamente trabalhadas em um tom de rosa possuíam um leve brilho e corações colados completavam o visual. Seu cabelo era perfeito! Tinha leves cachos que pareciam ter sido trabalhados com todo o carinho. A maquiagem que usava era perfeita, uma pele sem quaisquer falhas. O olhar que Anita possuía mostrava apenas felicidade. Essa garota era perfeita em todos os sentidos, era uma verdadeira princesa, uma princesa urbana!

Só consegui fazer uma coisa. Abrir os braços. E em um movimento que pareceu ter sido combinado, nos abraçamos. Senti o leve calor dela em meus braços. Não falamos uma única palavra apenas nos abraçamos, apenas aproveitando o conforto do corpo um do outro. Podia sentir aquele corpo miúdo dela junto ao meu. Meus braços a evolvendo em uma forma que poderia dizer que ela estaria protegida. Não queria mais a soltar. Meu sonho… meu sonho tinha finalmente se realizado.

Perdi a contagem do tempo em que ficamos abraçados. Quando finalmente nos soltamos, sorri para ela com o coração acelerado. Era muito claro que eu estava nervoso, mas estranhamente o sorriso dela me acalmava. Parecia que a conhecia a tanto tempo. E que aquele era apenas um reencontro de velhos amigos. Dessa forma eu não precisava me preocupar. Estávamos ambos ali com o mesmo propósito, de nos encontrarmos pela primeira vez, então tudo com toda a certeza iria correr bem, eu não precisava ficar assustado ou com medo.

-Isso parece um sonho – Murmurei um pouco envergonhando quebrando o silêncio dos sorrisos. Enquanto tocava nos ombros dela, segurando-a. – Você é real!

– É claro que sou real seu bobo – Ela riu.

Era a primeira vez que ouvia a voz de Anita. Era estranho, ela possuía uma voz engraçada, infantil e aguda, mas muito fofa. Um leve som melódico, quando ela falava parecia que as palavras dela acariciavam delicadamente meus sentimentos. Era ótimo poder ouvi-la falar. E as primeiras palavras que ela falou, nunca mais iria me esquecer.

-Bem, acho que a gente já tem que ir andando, não é? – Ela continuou mais uma vez – Temos muitas coisas para fazer hoje de tarde, você quer ir ao MASP não é?

E ao terminar de falar isso, ela me deu as costas e começou a caminhar, caminhava de um jeito fofo. Os braços arqueados como uma donzela segurando duas bolsas. Balançava levemente o tronco, indicando um leve poder, porém ao mesmo tempo, um balançar infantil mostrando uma verdadeira inocência que eu já sabia que ela continha em seu ser.

– Ei! Espere por mim! – Gritei saindo de um leve transe enquanto passei a correr atrás dela até conseguir chegar ao seu lado. – Eu ainda estou muito nervoso, ok? É difícil acreditar que eu realmente tenha te visto.

– Então é melhor ir acreditando – Ela falou com uma leve risada zombeteira. Droga, ela não mostrava nenhum sinal de nervosismo por estar me vendo pela primeira vez. Logo, eu estava com cara de idiota.

Mas o que será que ela pensou de mim? Será que ela tinha gostado de me ver? Era difícil ver os olhos dela, ela não olhava para mim enquanto falava. Então ficava cada vez mais difícil de identificar o que ela estava sentindo, se é que eu poderia chegar perto de descobrir o que ela sentia. Fiquei em silêncio por um tempo, mas durou muito pouco, ela parecia ser uma garota que adorava falar. Saímos da estação e ela logo olhou ao redor para a Avenida Paulista e então para mim.

-Você sabe para que lado fica o MASP? – Ela me perguntou com um tom infantil

Me assustei, é claro que não sabia! Poxa, eu era o turista naquela cidade enorme, eu não fazia nem idéia aonde eu estava no momento, quanto mais saber aonde era o MASP. A sorte é que tínhamos tempo. E, além disso, não importava o que faríamos, contudo que eu estivesse com ela.

-Guria, eu sou o turista aqui. É claro que eu não sei! – Exclamei ainda tentando acalmar meu nervosismo.

-Então me siga! – Ela riu e começou a caminhar.

Algo dentro de mim gritava que ela não fazia a menor idéia para aonde estava indo. Mas enfim, eu tinha que ir para algum lugar. E como eu era a sua “posse” não poderia fazer nada além de obedecê-la.

Caminhamos pela longa extensão da avenida. Anita havia começado a falar, ela falava comigo como se já fôssemos velhos amigos. Era realmente incrível! Eu procurava prestar atenção em tudo o que ela dizia, era ótimo poder ouvi-la. Queria gravar em minha alma aquela doce voz dela. Aquela expressão, aquele jeito único de ser que ela possuía. E como era… Ela era realmente única.

Anita parecia viver em um mundo diferente. Um mundo cor-de-rosa, e isso era o que eu mais admirava nela. Apesar de todas as coisas que a cercavam, apesar de todas as dificuldades que ela poderia enfrentar, essa garota continuaria com sua visão única do mundo, com sua inocência. E a cada palavra dita enquanto conversávamos sobre unicórnios e arco-íris aumentava ainda mais a minha admiração. Eu queria conseguir entendê-la, desejaria passar o tempo que fosse ao seu lado, apenas para vê-la vivendo. E jamais deixá-la sozinha. Mas até hoje eu me pergunto se existiria uma forma de eu conseguir falar isso para ela.

Caminhamos por aproximadamente dez ou vinte minutos para perceber que estávamos perdidos. Porém, ela rapidamente tomou a atitude e perguntou para um policial aonde que ficava o MASP. Ele riu e apontou o lado contrário de que caminhávamos.

– Como você nos levou para o lado errado? – Ela exclamou indignada comigo.

– Ei, estava apenas te seguindo! – Exclamei em protesto

– Tá, tá… vamos! – E Anita tornou a caminhar sem mês esperar.

Continuamos nossa caminhada aproveitando o tempo juntos, ela falava, eu ouvia. E eu adorava. Mas a dúvida “será que ela está gostando da minha companhia?” continuava sempre em minha mente. Eu não conseguia notar. Até porque, não demorou muito para notar que ela raramente olhava para mim. Estava sempre olhando para frente, para o céu ou para os lados, mas nunca em meus olhos. E isso realmente começou a me incomodar, pois em minha mente confusa e cheia de dúvidas, era um sinal de que talvez ela pudesse não estar tão confortável comigo por perto.

Chegamos ao MASP cedo. Ele só iria abrir dentro de uma meia hora. Então decidimos esperar sentados em um muro que tinha ali perto. Sentamos. Eu ainda estava confuso, será que devia abraçá-la? Será que podia tocá-la? Meu coração batia acelerando dizendo que sim, que eu queria fazer isso. Respirei fundo controlando um pouco da minha ansiedade.

Conversávamos sobre unicórnios coloridos cavalgando sobre arco-íris. Era um tema que muitos poderiam julgar bobo, infantil. Mas sinceramente, ao falar daquilo com ela eu sentia que aos poucos retornava à minha inocência. Que realmente poderíamos falar de qualquer coisa e nos divertirmos. Eu adorava falar sobre essas coisas do mundo dos sonhos, de idéias, de simplesmente ouvi-la falar. Era uma coisa simplesmente mágica!

Eu olhava para trás, olhava para a rua abaixo, e imaginava os unicórnios que tanto falávamos cavalgando pelo céu em direção ao infinito. Olha só o que Anita fez de mim… Sou agora uma pessoa que é capaz de sonhar com todo o tipo de coisa. Olhei para ela e então toquei de leve em seu braço e sorri. Ela deu uma leve risada, mas me olhou com um olhar branco, sem expressão. Os olhos dela eram realmente estranhos… Eles não possuíam brilho. Lentamente a envolvi em um abraço e apoiei parte do meu corpo no dela.

– Hey… eu posso ficar aqui abraçado em ti…? – murmurei com uma voz um pouco carente.

Ela não respondeu. Apenas continuou olhando para frente. Senti um leve desconforto passar pelo meu corpo. Mas ela não protestou. Será que eu deveria continuar abraçado nela, ou simplesmente a soltar. Minha mente começou a girar, ela estava em um profundo silêncio. Droga, eu realmente queria saber o que ela estava sentido! Então, finalmente a soltei. Não consegui aguentar aquela tensão. Ela estava me matando! Olhei para Anita e ela tinha uma leve decepção na face. Então ela sorriu e começamos a falar sobre jogos.

Passado um tempo, decidimos entrar no MASP. Quando ela se levantou, eu peguei a câmera fotográfica. Eu realmente precisava de uma foto dela e de como ela estava. Precisava registrar na memória, registrar o quão bela ela estava. Porém, ela deu um grito agudo em um tom zombeteiro e virou a cara.

-Não! Nada de fotos! – Anita exclamou em um tom infantil.

Eu, rindo, tirei uma foto mesmo assim. Com a mão dela sobre a face. Tirei outra dela de costas correndo na minha frente tentando fugir. Depois disso, tinha que alcançá-la. Guardei a máquina e corri atrás dela.

-Anita, droga, espere!

Consegui alcançá-la. Comprei os ingressos e entramos no MASP.  Ela estava estranhamente distraída. Mas parecia estar deslumbrada com todas as pinturas. Havia uma exposição especial sobre obras romantistas, ou algo do tipo. Eu não conseguia mais pensar quando estava perto dela. Muitas vezes a dúvida dominava a minha mente. A única dúvida de se ela estaria gostando de minha companhia. Eu me sentia feito uma criança, e ela parecia gostar de rir disto. Até me batia.

-Hahaha, sua batida dói como a de uma formiga – Zombei

-Ora eu pensava que doía como a de um mosquito, evolui? – ela falou em tom de protesto

-Sim, eu te evolui porque gosto de ti – Ri em resposta.

Ok, eu admito que sou uma criança carente. E perto dela, essa carência minha apenas se revelou em carinho. Eu queria poder abraçá-la o mais forte possível. Tomá-la em meus braços e não soltar mais. E foi isso que fiz. A abracei por trás e disse:

-Não sei porque quero tanto te abraçar…

Ela não respondeu. Ficou parada, estática. Não poderia dizer se ela estava gostando ou não. Não tinha como dizer. Mas ela não protestava. Droga guria, diga alguma coisa! Fale algo, diga que não gosta que eu simplesmente paro!

Nada.

-Se você não gosta que eu te abrace… diga… eu paro…

Nada.

Soltei e ela saiu caminhando. Conversamos mais um pouco, aos poucos íamos olhando as obras. E eu, aos poucos perdia a timidez do toque. Parecia que ela não demonstrando nenhuma reação, era o jeito estranho dela dizer que estava gostando sim. Se não protestava, isso pelo menos diria que eu poderia a abraçar. Poderia sentir o doce calor daquele corpo. O leve cheiro de seu perfume. Era tudo tão perfeito. Ela era perfeita.

-Olha que eu sou violenta! – Ela falou uma hora enquanto eu a incomodava.

-Sei… mas uma batida sua não dói! – Zombei.

-Quer apostar? – Ela segurou a bolsa com força contra mim, mostrando o que pretendia fazer.

– Apostar o que? – Respondi

-O que você sugere? – Ela respondeu em tom de desafio

-Aposto um beijo!

Eu ri como se tivesse feito uma piada. Mas não deu muito tempo. Logo meu corpo cambaleou enquanto me assustei. Ela tinha me batido com a bolsa! No meu braço esquerdo! E forte ainda por cima! A encarei com um olhar zangado, mas logo comecei a rir. Ela me olhou com certo brilho nos olhos, uma mistura de vitória com esperança. Aquele olhar mexeu realmente comigo. Meu coração disparou. Eu teria que pagar a aposta. Era o que ela esperava. Será que ela queria um beijo de verdade? O que era aquela esperança que me olhava? Droga estou muito confuso! Mas não pensei mais. Toquei levemente em seu ombro e dei um delicado beijo na bochecha de Anita. Meu coração acelerou ainda mais. Senti aquele doce calor da pele dela em meus lábios, um estranho formigamento que começou nele e seguiu para todo o meu corpo. Foi algo realmente estranho. O beijo foi rápido, mas mexeu com algo profundamente dentro de mim. Mesmo que só tenha a beijado na bochecha.

Ela me encarou por alguns segundos. Pela primeira vez eu consegui entender o que o olhar dela queria dizer. Decepção. Senti que ela esperava muito, muito mais. Pois é… se eu tenho um arrependimento na minha vida, seria não tê-la beijado com todo o meu sentimento naquele momento.

Ela saiu caminhando sem dizer uma palavra. Porém, o estranho clima que havia sido criado não demorou muito para ser desfeito, logo estávamos rindo como duas crianças incomodando todos que estavam ao nosso redor. Ela parecia não notar, mas eu conseguia ver muito bem os olhares que nos lançavam. Mas não ligava, não ligava nem um pouco. Afinal, meu mundo era ela.

Em outra galeria, deserta, meu coração acelerou. Fiquei parado enquanto a olhava caminhar pelas estantes com um olhar distraído enquanto olhava os desenhos modernistas na parede.

-Ei… Anita… – Murmurei, mas estava certo de que ela iria escutar.

-O que foi Gabriel…? – Ela respondeu um pouco curiosa.

-Podemos sentar um pouco… Sente-se, comigo…? Queria te falar uma coisa… – Falei um pouco nervoso.

-Relaxa seu bobo. – Ela riu enquanto se sentava no banco.

Sentei ao lado dela. Ela me mandou relaxar, porém, possuía uma expressão muito nervosa. “Acho que ela pensa que irei dizer que a amo agora. Será que eu devo falar? Não! As coisas devem fluir lentamente, devem evoluir… e eu não sinto que esse seja o momento” Pensei. Mas ela realmente estava esperando algo. A abracei. A abracei com todo aquele sentimento, aquela felicidade em meu peito. Era maravilhoso. O perfume dela era tão doce, a pele dela tão macia, seu calor aquecia até mesmo minha alma. Ela deu uma leve risada, uma risada um pouco ansiosa. Então aproximei-me de sua orelha para murmurar delicadamente:

-Anita… Só queria te dizer… Que estar aqui com você é um verdadeiro sonho. É o momento mais belo de minha vida. – Falei com a voz calma, pausada. Coloquei meu sentimento nela. E falei, falei apenas para Anita escutar, queria deixar aquilo claro somente entre nós dois.

-Idiota…

O que foi que ela falou? Será que escutei isso mesmo? Foi tão baixo… Deve ter sido minha imaginação. Sim, deve ter sido. Porque ela iria me chamar de idiota? Anita havia estremecido um pouco com minha declaração. Ela parecia estar mais calma. Eu continuei abraçado por mais um tempo com ela. Ela, de vez em quando me dava uns leves tapas na cabeça como forma de demonstrar seu “carinho”.

E então, o dia se seguiu. Nos envolvemos em muitas situações divertidas, os momentos eram intensos e eu conseguia degustar deles lentamente, aproveitar a leve companhia da minha doce menina. Anita irradiava a cor ao meu redor.

Dei risadas quando ela pulou em uma rasa piscina de bolinhas. Ela sentou-se nela e o vestido inteiro armou por uma longa área. Eu até mesmo tirei uma foto enquanto ela se distraiu. Não sabia como explicar, mas vê-la na piscina de bolinhas, tão doce, tão inocente, apenas fazia meu coração acelerar cada vez mais. Uma felicidade pulsante por estar ali com ela.

Fomos para a Liberdade, ela até mesmo foi entrevistada sobre o estilo Lolita. E quando ela falou, falou sobre como era ser uma Lolita, que era sobre sentir-se uma princesa, ser uma princesa, eu pude ver, que mesmo por trás daqueles olhos sem brilho, por trás daquela inocência, daquela “cor”, havia um ser gritando para ser ouvido. Havia a doce Anita clamando para ser somente… ela. Para que as pessoas a desse voz e a deixassem ser quem ela era.

Teve até mesmo um momento bobo, aonde sem dizer uma palavra ambos, sentados, demos as mãos e ficamos brincando um com a mão do outro, acariciando as unhas, entrelaçando os dedos. Deixando-se ser tocado pelo outro. Sem malicia, puramente envolvidos pela inocência do ser e de estar lá. O mais legal disso, é que eu podia brincar como os pequenos corações das unhas dela. Sorria bobo, o coração acelerado com tudo o que aquele momento envolvente me fazia sentir.

Nunca pude dizer isso a ela. Mas justamente por procurar descobrir quem era, por ela ir em busca de seu sonho, por ela mostrar que sonhava, eu passei a admirá-la. Admirá-la como pessoa, queria aquela pureza na forma de ver as coisas para mim. Queria que em algumas vezes conseguir deixar a cabeça nas nuvens e sonhar com algo que uma pessoa diria que era uma besteira. E a observando assim, apenas querendo estar ao seu lado, querendo que ela se descobrisse, eu me sentia honrado por fazer parte da vida dela. E assim o dia passou.

Estávamos de volta a estação da consolação, meu coração apertado, afinal, era a despedida. Eu havia entregado um presente para ela, uma boneca de porcelana, algo simples, mas um objeto para que ela sempre se lembrasse de mim. E pelas reações dela, ela parecia ter gostado. Olhei com o coração pesado. Eu não queria me despedir, não queria me separar dela, o dia havia sido incrível. Ela me encarou com uma estranha melancolia no olhar.

-Então… acho que aqui é o… – Comecei a falar, mas não consegui acabar. Ela me interrompeu de repente.

Um abraço. Um forte abraço. Ela me apertou com força sem dizer uma única palavra. Eu estava surpreso, mas rapidamente a abracei. Coloquei tudo o que sentia naquele momento. Abracei com meu sentimento. Um abraço longo, meu coração batia acelerado, eu até mesmo conseguia sentir as batidas do coração de Anita, sua respiração acelerada.

Ela quebrou o abraço por primeiro, mas ainda ficamos um juntos do outro. Ela riu, eu ri. E então, nos abraçamos de novo como se já tivesse sido programado. Outro longo abraço. Parecia que nenhum de nós dois queria se separar. Acho que esse abraço era o que eu precisava durante o dia todo, aquela certeza de que ela realmente tinha gostado da minha companhia, aquela certeza que eu não tinha sido somente mais um empecilho para Anita, aquela certeza de que precisava, aquecia meu coração.

Sorri para ela, e então a beijei na bochecha, um beijo delicado. Meu coração acelerado. Tinha decidido que aquele era o momento certo. Movi minha face um pouco para o lado, cheguei lentamente próximo ao ouvido dela. Em meus braços o corpo de Anita ficou rígido, senti seu coração acelerar.

-Anita…a verdade é que… Eu te amo.

Murmurei apenas para ela. Ela e nada mais, ela e eu. Somente éramos os dois que precisávamos saber disso. Somente ela. Ela… a garota pela qual me apaixonei. A garota pela qual senti que iria amar pelo resto de minha vida. A garota tão errada que era perfeita. Aquela que me ensinou a sonhar, aquela que me mostrou que a vida era mais divertida com cor. Aquela que conquistou meu coração. Anita, o meu amor.

Ela não respondeu, porém, eu não precisava de mais nada. A beijei. Um beijo delicado, infantil, tímido. Sorri bobo para ela, estava corado! Ela pareceu rir, então a beijei mais uma vez. Meu coração batia acelerado, a felicidade era tamanha, parecia que Anita agora segurava meu coração em suas mãos e o aquecia contra o peito. Nos abraçamos mais uma vez, um abraço ainda mais apertado, e então, mais um beijo!

Sorri, e parecendo combinado, desfizemos o abraço. Sem dizer uma única palavra, sem olhar para trás, seguimos os dois nossos caminhos separados. Parecia que era melhor assim. Sem arrependimentos, sem nada. Apenas guardar o sentimento do calor do abraço de Anita em meu coração. A felicidade de ter realizado meu sonho…

Acordei com o leve tique do relógio ao lado da minha cama. Balancei a cabeça. Podia jurar que ainda era noite. Mas estranhamente, quando deito da minha cama, e me perco nas lembranças, sem notar, a noite se torna dia. Já faz um tempo que nos separamos, não é Anita? Mas eu ainda tenho a lembrança vívida da nossa tarde de Luz, e mais importante do que isso… pois afinal de contas…

Meu coração ainda ouvia as batidas daquele instante.

Nota final: Se você leu tudo até aqui, porque não me diz o que achou? Simplesmente vá e mande uma mention em meu twitter @FilosofoDepre Irei adorar saber sua opinião.

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