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Posts Tagged ‘solipcismo’

O solipcismo é um problema filosófico que consiste na pergunta: O que nos prova que o Outro de fato existe e não é somente uma criação da minha cabeça? Em resumo ele trabalha com a questão da solidão do Eu. Visto por cima parece um problema simples, até mesmo fútil, afinal o outro deve existir, eu posso falar com ele, tocá-lo. Porque deveria duvidar da sua existência? Contudo por mais que tu possas tocar nesse outro, sentir seu calor, e ouvir suas palavras, jamais terá acesso aos seus sentimentos verdadeiros, seus pensamentos ou à mente dele, o que diferencia o outro “humano” de um robô, por exemplo?

Se nossos sentidos são percebidos pelo nosso cérebro, e muitas vezes facilmente distorcidos, enganados, como podemos saber o que é real e o que não é? Acredito que a primeira aparição desta pergunta aparece com Descartes, quando ele usa da dúvida para questionar tudo ao seu redor. O cogito ergo sum (duvido logo existo) foi sua solução para o problema do Eu, eu existo, mas e todo o mundo ao meu redor? A resposta dele foi mais fraca, era por causa de Deus. Um Deus puramente bom como o que deveria existir, não permitiria que vivêssemos em um mundo irreal. E por muito tempo se aceitou essa resposta, ou talvez, não se pensou tanto sobre essa questão.

Este problema costuma aparecer como uma crítica a uma teoria filosófica. “Essa sua linha de pensamento leva a um solipcismo”. E com a contemporaneidade esta crítica sempre foi uma sombra de todas as teorias filosóficas, principalmente para a fenomenologia, que trata que não temos como conhecer as coisas ao nosso redor como são, apenas como elas aparentam a nós. Uma solução para isso foi colocar o Eu fora do centro da reflexão filosófica, Levinas defendeu que o Eu só existe a partir do Outro. Ele existe, e depois eu. A construção do eu pelo outro se chama de Alteridade.

E muito se aceitou essa forma de jogo, de que Eu só existo se algo externo a mim existir. O ser humano só podia se constituir enquanto pessoa na medida em que outras pessoas estivessem ao redor dele. Nós somos na medida em que nos relacionamos, conversamos crescemos e mudamos através de nossos amigos, inimigos e conhecidos. Todas as pessoas que passam por nossas vidas deixam uma parte delas em nós.

Acredito que essa seja a solução mais aceita para este problema. Mas não dá conta de um único fantasma, afinal nem sempre estamos na presença de outros, o que nos leva a uma terrível percepção:

                Em nossas mentes, estamos condenados a uma solidão eterna.

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