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Posts Tagged ‘Feminismo moderno’

O que é a marcha das vadias? Em linhas gerais, o protesto se baseia no direito das mulheres serem chamadas de vadias sem uma conotação pejorativa. Ou, além disso, um movimento que protesta contra a crença de que as mulheres que são vítimas de estupro pediram por isso devido as suas vestimentas. O movimento começou dia 3 de abril de 2011 em Toronto. Dias depois  do oficial de polícia Michael Sanguinetti fazer uma observação para que “as mulheres evitassem se vestirem como vadias, para não serem vítimas”. E isso irritou muito as feministas, que acharam o pronunciamento algo muito “machista”.

Para entendermos essa questão mais afundo precisamos entender o feminismo moderno (ou pós-moderno como preferirem chamar) que é diferente do feminismo original. O Feminismo moderno prega a igualdade de gêneros. A teoria dos gêneros afirma que a sexualidade não é nada mais do que construção feita por nossa sociedade. Ou seja, tu não és homem ou mulher porque nasceu com um pinto ou uma vagina, mas porque a sociedade te fez homem ou mulher. Um homem seria um homem porque foi educado como um, vestia roupas “de homem” brincava como homem, etc. O mesmo vale para a mulher. Biologia, DNA, teoria da evolução, medicina, etc. Tudo foi ignorado, claro.

A teoria dos gêneros tem um furo muito grande pois percebe o ser humano como uma máquina, e não como algo biológico. Ela não considera o fato de que homens possuem aproximadamente 20% a mais de massa muscular (não tenho certeza desse valor, mas sei que é algo por volta dos 20%). Ela não considera que psicologicamente mulheres tem mais facilidade em fazer várias coisas ao mesmo tempo, e homens tem um pensamento mais lógico e sequencial. Tudo isso foi deixado de lado. E com base nessa teoria dos gêneros as feministas modernas afirmam que homens e mulheres podem ser iguais em tudo. O que obviamente não é verdade.

Por outro lado, o feminismo antigo combatia a superioridade masculina, porém, levava em conta que homens e mulheres eram diferentes, essas feministas apenas não queriam ser inferiores ao homem, o que acredito ser uma causa muito nobre, mas já muito esquecida. Esse feminismo pregava que perante o juiz, homens e mulheres possuiriam os mesmo direitos e deveres na medida de suas limitações. E por isso hoje as mulheres se aposentam mais cedo, possuem licença maternidade, podem servir ao exército de forma opcional, e tantas outras coisas.

Se o feminismo moderno fosse realmente íntegro com seus princípios, não deveria haver nenhuma diferença legal entre homens e mulheres. Porém, as questões dessas “feministas” param quando começam a ferir seus interesses, interessante, não?

Mas o que a marcha das vadias tem a ver com tudo isso? Lembramos que em primeiro lugar elas reivindicam o direito de se vestirem como vadias e não sofrerem nenhum tipo de abuso. Em segundo lugar todas aquelas outras besteiras que percebemos nas placas que escrevem. Sim, este ano a marcha das vadias brasileira também protestou contra a Medida Provisória nº 557/2011.¹ Porém, leigos ao movimento, não conseguiram perceber isso, porque placas com “minha vagina é o poder” se destacavam mais.

Um motivo muito nobre para se protestar!

A marcha das vadias ignora dois conceitos muito importantes, a liberdade, e a natureza humana. Eu sei, Marx e sua turma afirmam que a natureza humana não existe. Sem entrar em seus méritos ou não, e focando apenas na natureza humana, poderemos perceber que ela existe, e ela está mais para Hobbes do que para Rousseau. O Homem é o Lobo do homem. O estado de natureza humano é destrutivo, as pessoas são más por natureza, se agirmos por nossos instintos (paixões) acabaremos cometendo o mal. Como Aristóteles explica na Ética Nicomaqueia, as paixões levam para o caminho contrário das virtudes, ou seja, o mal.

Já a liberdade é uma questão mais complexa. Usando como um referencial a Liberdade em Epicuro, e após em Lima Vaz, constatamos que o ser humano é livre para-si, mas não para o outro. A liberdade de um indivíduo age somente sobre esse indivíduo. Dessa forma, podemos ter um controle somente sobre os nossos atos, mas não um controle sobre os atos das outras pessoas. Tu só tem a capacidade de controlar o teu corpo, mas nada além dele.

Em contrapartida, a marcha das vadias defende a liberdade de se fazer algo que está no campo do outro. Ou seja, tu colocas a responsabilidade no outro, e não em si. A mulher tem a mais completa liberdade de se vestir da forma que quiser, mas ela não terá como controlar as ações que causarão nos homens ao seu redor. E sabendo que o homem é mal, e age por instinto, podemos saber o que poderá acontecer. Um homem bêbado não irá controlar as suas ações, o máximo que uma mulher pode fazer é se prevenir. Por isso que “não nos ensine como vestir, ensine eles a não estuprar” nunca vai dar certo. Porque é impossível ensinar a todos “eles”.

A reivindicação a nível legal das feministas modernas é que elas querem que o estado seja capaz de prever o futuro, fazendo uma viagem no tempo e prender o estuprador antes que o estupro acontecesse. Essa marcha não passa de um sonho utópico por algumas mulheres querendo mais direitos do que podem ter. A marcha das vadias nos mostra que a maioria das mulheres, nunca estarão contentes, não importa o que se faça, ou que direito elas tenham.

 Chateada =/

¹ A MP, editada pelo Governo Dilma em 26 de dezembro de 2011, visava instituir o cadastro compulsório das gestantes para garantir a saúde da mulher e do nascituro. Além disso, ela previa o pagamento de um auxílio-transporte ao pré-natal, no valor de R$ 50.

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