Feeds:
Artigos
Comentários

Archive for the ‘Textos de Filsofia’ Category

Não escrevi o título errado. Política não é uma profissão, é algo que se vive. Mas o que exatamente é viver a política? Para os antigos gregos esta palavra significava a viver a cidade (literalmente o aquele que viva na polis). O cidadão que pensava no que ela melhor para o bem-estar de todos. Hoje, no Brasil, política virou uma profissão um recurso para pessoas terem uma boa vida, onde poucos dos que atuam nela realmente pensam no que é bom para a coletividade.

A polis grega

Representação da Polis grega

Mas o que leva um cidadão a se candidatar para um cargo público? De todas as possíveis respostas o bem geral da cidade raramente aparecerá como o principal motivo. É possível que as pessoas se candidatem pelos interesses de algum grupo ou por seus próprios. Podem-se notar tais coisas apenas analisando as propostas de um candidato a vereador, muitas delas, impossíveis, outras, privilegiando apenas um pequeno grupo da população.

Os problemas gerais da cidade ficam em segundo plano, uma vez que político agora é uma profissão, é mais importante se manter no cargo do que fazer algo além de praças públicas. E é com muito pesar que me lembro do fato onde desejar ocupar um cargo público deveria fazer tal indivíduo se dedicar inteiramente ao bem maior das pessoas, uma completa entrega de si para todos. E infelizmente não é isso que acontece.

Mas além de tudo isso, esse “ser política” vai além, ele possui um grande compromisso com a verdade. Tal compromisso é a primeira grande virtude que os candidatos deveriam ter e estimar. Mas a cada acusação de corrupção, percebe-se que a verdade está sempre em terceiro plano. Para se manter no poder parece que vale tudo, principalmente mentir e enganar.

A política se tornou uma forma de ganhar status, de conseguir, por quatro anos, uma forma de vida tranquila e estável. Um bom salário, uma projeção social, e muito conforto. Em outras palavras: poder. O que deixa uma parte da população frustrada é que cidadões sem conhecimento algum de ser política estão pedindo tal poder para governar. Pergunto-me porque tais pessoas, conscientes que não teriam capacidade de ocupar cargos públicos se candidatam.

Domingo serão as eleições. E nossas vidas são muito afetadas por essa escolha, por nosso voto. Use-o para escolher uma pessoa que pense antes no bem geral de nossa cidade do que seus interesses próprios. Que seja um indivíduo que viva a política. E você, caro candidato, pense muito bem o que o levou até a candidatura. Saiba que tu podes mentir para todos, menos para si mesmo.

Read Full Post »

          A ética de Agostinho possui um paradigma claro. Ela depende de Deus. Porém ao mesmo tempo ele parte do principio do “Pecado Original”. Essa concepção do pecado de Agostinho não infantiliza o homem, porém o trata como um ser que poderá tender tanto ao bem (a Deus) ou ao mal (o pecado). Dessa forma, diferente de outros autores ele não entende que o ser humano é sumariamente bom, como entendia a religião antes do pecado original, mas ele compreende esse ser humano como alguém que, se não seguir uma vida virtuosa, em Deus, será levado ao mal, ou os vícios da carne, e por isso, o ser humano não poderá se valer de sua própria natureza para a salvação.

          Agostinho compreende que as coisas possuem uma certa escala de prioridades, invertê-la poderá significar sair do caminho de Deus. Agostinho chama isso de Humildade. Para ele, segundo Olinto Pegoraro, “a Humildade não é o falso discurso que finge minimizar o homem como miserável e pecador; a verdadeira humildade é aquela que nos mantém em nosso lugar na “escala” das coisas criadas.” Tal escala é compreendida como a ordem das essências, ou seja, Deus, homem, animal, vegetal e mineral. Algo que Agostinho compreende como o oposto da ética do Amor é a idolatria, ou seja, amar as criaturas e apegar-se a elas sem referi-las a Deus.

          A ética de Agostinho é compreendida melhor na Obra “A Cidade de Deus” ou a cerca da idéia das “duas cidades”, ele entende que a verdadeira felicidade está na esperança da salvação. A felicidade plena não poderá ser encontrada no plano material, e por isso ela depende da vida eterna. Ou seja, mantendo sua vida em Deus, na eternidade e nas virtudes o ser humano chegará a esse Deus. Porém, ao pensar em si mesmo, focar-se no próprio poder, como se fosse o próprio bem os seres humanos decaem ao vício. Agostinho acredita nessa forma de ética, que se remete a Deus, Criador, o princípio e o fim de tudo. Para Agostinho existem os homem que vivem segundo o espírito, e os homens que vivem pela carne.

          Dessa forma, Agostinho explica que a vida segundo o espírito, ou segundo o amor, irá gerar certas virtudes, a prudência, a coragem, a justiça, e a humildade. Enquanto a vida segundo a carne gera os vícios, a avareza, a luxúria, e a soberba. Para Agostinho “quem ama perversamente um bem torna-se escravo deste bem” e é por isso que ele incluiu o conceito de uti et frui que significa utilizar as coisas sem fruí-las.

          Contrapondo com Aristóteles, podemos perceber duas éticas muito similares na questão de que é a virtude é que determinará se uma pessoa será boa ou não. A diferença principal entre as duas Éticas é que a ética Agostiniana compreende o Deus revelado como sendo o principio e o fim de todas as coisas, enquanto Aristóteles coloca o fim último como sendo a felicidade.

          Para Aristóteles a felicidade pode ser alcançada em vida seguindo uma vida virtuosa, uma vida bela e equilibrada. Fugindo dos vícios e das paixões da alma. Enquanto em Agostinho a felicidade plena jamais poderá ser alcançada em vida, ela só é alcançada junto a Deus na vida eterna.

          Um outro ponto interessante de se ressaltar é a forma como ambos os Filósofos trabalham as questões dos vícios e das paixões. Principalmente na questão do sexo. Aristóteles trabalha a justa medida, ou o equilíbrio entre as coisas. Mesmo que não deixe explícito em sua obra, tomando como ponto de partida a sociedade grega, e a noção de Eros, Aristóteles pode compreender que o sexo pelo prazer é algo que pode chegar a uma felicidade, caso ele esteja incluído na justa medida ele não será um vício, mas sim uma coisa benéfica, uma vez que ele é uma forma de “amor” (mesmo que seja a mais baixa dentre as três concepções gregas). Porém, em Agostinho encontramos justamente o contrário. Ele não utiliza da justa medida, tratando o sexo pelo prazer como um grande pecado. Para ele é uma perversão fazer sexo só pelo prazer. Dessa forma ele acaba deixando de lado partes do principio do equilíbrio de Aristóteles. Uma vida em Deus, não poderá usufruir dos prazeres que a carne pode fornecer.

          A ética de Agostinho muitas vezes parece a mistura entre a ética aristotélica com a verdade revelada de Deus. Ambas possuem as mesmas bases e os mesmos princípios, como tomar as virtudes humanas como algo que possibilitará o ser humano em ser bom. Porém, elas se destacam a medida que a reflexão se eleva, tomando certas peculiaridades distintas, como a tendência a Deus. É claro que Agostinho possuiu grandes influências de seu passado e de sua época. Assim como Aristóteles, ambos foram frutos de suas sociedades, porém, mesmo assim, as bases de seus pensamentos estão de tal modo tão bem construídas que certamente são atuais, e com quase nenhuma mudança poderão ser utilizadas mesmo nos dias de hoje.

Read Full Post »

O que é a marcha das vadias? Em linhas gerais, o protesto se baseia no direito das mulheres serem chamadas de vadias sem uma conotação pejorativa. Ou, além disso, um movimento que protesta contra a crença de que as mulheres que são vítimas de estupro pediram por isso devido as suas vestimentas. O movimento começou dia 3 de abril de 2011 em Toronto. Dias depois  do oficial de polícia Michael Sanguinetti fazer uma observação para que “as mulheres evitassem se vestirem como vadias, para não serem vítimas”. E isso irritou muito as feministas, que acharam o pronunciamento algo muito “machista”.

Para entendermos essa questão mais afundo precisamos entender o feminismo moderno (ou pós-moderno como preferirem chamar) que é diferente do feminismo original. O Feminismo moderno prega a igualdade de gêneros. A teoria dos gêneros afirma que a sexualidade não é nada mais do que construção feita por nossa sociedade. Ou seja, tu não és homem ou mulher porque nasceu com um pinto ou uma vagina, mas porque a sociedade te fez homem ou mulher. Um homem seria um homem porque foi educado como um, vestia roupas “de homem” brincava como homem, etc. O mesmo vale para a mulher. Biologia, DNA, teoria da evolução, medicina, etc. Tudo foi ignorado, claro.

A teoria dos gêneros tem um furo muito grande pois percebe o ser humano como uma máquina, e não como algo biológico. Ela não considera o fato de que homens possuem aproximadamente 20% a mais de massa muscular (não tenho certeza desse valor, mas sei que é algo por volta dos 20%). Ela não considera que psicologicamente mulheres tem mais facilidade em fazer várias coisas ao mesmo tempo, e homens tem um pensamento mais lógico e sequencial. Tudo isso foi deixado de lado. E com base nessa teoria dos gêneros as feministas modernas afirmam que homens e mulheres podem ser iguais em tudo. O que obviamente não é verdade.

Por outro lado, o feminismo antigo combatia a superioridade masculina, porém, levava em conta que homens e mulheres eram diferentes, essas feministas apenas não queriam ser inferiores ao homem, o que acredito ser uma causa muito nobre, mas já muito esquecida. Esse feminismo pregava que perante o juiz, homens e mulheres possuiriam os mesmo direitos e deveres na medida de suas limitações. E por isso hoje as mulheres se aposentam mais cedo, possuem licença maternidade, podem servir ao exército de forma opcional, e tantas outras coisas.

Se o feminismo moderno fosse realmente íntegro com seus princípios, não deveria haver nenhuma diferença legal entre homens e mulheres. Porém, as questões dessas “feministas” param quando começam a ferir seus interesses, interessante, não?

Mas o que a marcha das vadias tem a ver com tudo isso? Lembramos que em primeiro lugar elas reivindicam o direito de se vestirem como vadias e não sofrerem nenhum tipo de abuso. Em segundo lugar todas aquelas outras besteiras que percebemos nas placas que escrevem. Sim, este ano a marcha das vadias brasileira também protestou contra a Medida Provisória nº 557/2011.¹ Porém, leigos ao movimento, não conseguiram perceber isso, porque placas com “minha vagina é o poder” se destacavam mais.

Um motivo muito nobre para se protestar!

A marcha das vadias ignora dois conceitos muito importantes, a liberdade, e a natureza humana. Eu sei, Marx e sua turma afirmam que a natureza humana não existe. Sem entrar em seus méritos ou não, e focando apenas na natureza humana, poderemos perceber que ela existe, e ela está mais para Hobbes do que para Rousseau. O Homem é o Lobo do homem. O estado de natureza humano é destrutivo, as pessoas são más por natureza, se agirmos por nossos instintos (paixões) acabaremos cometendo o mal. Como Aristóteles explica na Ética Nicomaqueia, as paixões levam para o caminho contrário das virtudes, ou seja, o mal.

Já a liberdade é uma questão mais complexa. Usando como um referencial a Liberdade em Epicuro, e após em Lima Vaz, constatamos que o ser humano é livre para-si, mas não para o outro. A liberdade de um indivíduo age somente sobre esse indivíduo. Dessa forma, podemos ter um controle somente sobre os nossos atos, mas não um controle sobre os atos das outras pessoas. Tu só tem a capacidade de controlar o teu corpo, mas nada além dele.

Em contrapartida, a marcha das vadias defende a liberdade de se fazer algo que está no campo do outro. Ou seja, tu colocas a responsabilidade no outro, e não em si. A mulher tem a mais completa liberdade de se vestir da forma que quiser, mas ela não terá como controlar as ações que causarão nos homens ao seu redor. E sabendo que o homem é mal, e age por instinto, podemos saber o que poderá acontecer. Um homem bêbado não irá controlar as suas ações, o máximo que uma mulher pode fazer é se prevenir. Por isso que “não nos ensine como vestir, ensine eles a não estuprar” nunca vai dar certo. Porque é impossível ensinar a todos “eles”.

A reivindicação a nível legal das feministas modernas é que elas querem que o estado seja capaz de prever o futuro, fazendo uma viagem no tempo e prender o estuprador antes que o estupro acontecesse. Essa marcha não passa de um sonho utópico por algumas mulheres querendo mais direitos do que podem ter. A marcha das vadias nos mostra que a maioria das mulheres, nunca estarão contentes, não importa o que se faça, ou que direito elas tenham.

 Chateada =/

¹ A MP, editada pelo Governo Dilma em 26 de dezembro de 2011, visava instituir o cadastro compulsório das gestantes para garantir a saúde da mulher e do nascituro. Além disso, ela previa o pagamento de um auxílio-transporte ao pré-natal, no valor de R$ 50.

Read Full Post »

O Twitter é a rede social com o segundo maior número de usuários no mundo. Os agentes dentro dela são os usuários, empresas, e principalmente a empresa criadora da rede social. Uma rede social é uma interface cuja qual permite que indivíduos interajam em um ambiente virtual. E como cada uma delas o Twitter possuiu suas peculiaridades. Ele se propõe em ser um micro blog. Você possui a opção de escrever “o que está acontecendo” em uma frase de cento e quarenta caracteres ou menos, ou apenas “seguir” outros usuários e receber as atualizações deles. Existe um sistema que permite que pessoas sigam e sejam seguidas. Quando uma pessoa segue a outra todas as atualizações irão aparecer em um espaço chamado de Timeline. A interação entre os usuários se dá por três formas. É possível escrever alguma coisa e essa frase irá aparecer para todos os seus seguidores. Existe a possibilidade de dar um retweet o que fará com que a atualização de alguém seja enviada para seus seguidores.  Ou finalmente enviar uma mention, que nada mais é que uma mensagem direcionada para algum usuário, normalmente comentando alguma atualização feita por ele.

Por dar a tamanha liberdade para que os indivíduos expressem sua subjetividade em frases curtas, e possibilitar a interação humana, mesmo que em um ambiente virtual o Twitter pode ser considerado um campo, mesmo que um espaço relativamente novo. O poder simbólico dentro dessa rede social se apresenta de uma forma bastante clara. Quanto maior for o número de seguidores que um usuário possuir, maior será a influência dele dentro da rede. Como a escolha de seguir ou não é inteiramente de cada usuário (não se pode obrigar alguém a seguir um perfil específico) quanto mais seguidores pode-se afirmar que as mensagens feitas por um perfil em específico receberão uma extensão muito maior.

Além da quantidade de seguidores, o poder simbólico pode ser observado pela quantidade de retweets e mentions que esse perfil recebe. Podemos afirmar que a junção desses três fatores determinaram o poder simbólico que tal usuário recebe dentro da rede. O poder simbólico do twitter se dá pela comunicação. A pessoa que tem uma maior capacidade comunicativa possuirá uma maior abrangência, força, e influência na rede. E como cada estrutura social, o twitter acabou criando seus próprios habitus. Quem não segue o que a rede propõe acaba recebendo uma pouca quantidade de poder simbólico (Seguidores, retweets e mentions). Quanto menor for essa quantidade, maiores serão as chances desse novo usuário desistir da rede.

Assuntos como o que se está fazendo no momento são altamente rejeitados. Dentro do Twitter três tipos de status são mais amplamente aceitos. As piadas, as frases românticas, e reflexões simples. É por isso que a maior quantidade de poder simbólico se encontra nas mãos de comediantes. Um perfil que se propõe a mudar um desses três temas acabará não recebendo muitos seguidores, e com a falta deles, a desistência da rede.

Por ser um novo ambiente a ser explorado o Twitter permite diversas análises e interpretações. Existem diversas áreas dentro dele, grupos com outros valores e outras organizações, aonde o poder simbólico acaba sendo levemente diferente. Incrivelmente o ambiente das redes sociais parece estar criando uma sub-cultura mundial, uma sociedade virtual que interage em tempo real com diversas culturas e sociedades, além da própria sociedade em que o usuário está envolvido.

Read Full Post »

Nota: Escrevi esse texto as pressas, se acharem alguns erros gramaticais me avisem.

                Estou escrevendo este texto agora porque vejo que algumas pessoas não entendem a diferença entre o que é um Ateu e o que é um Agnóstico. Irei pegar fragmentos de textos que já escrevi e irei postar aqui, simplesmente para evitar o retrabalho de ter que escrever as mesmas coisas de novo.

                O que a palavra Ateu significa? Ateu é uma palavra oriunda do grego antigo que quer dizer “A Theos.” No grego moderno a tradução de Theos é simples, Theos significa Deus, então a tradução mais simples de o que é um Ateu seria “Aquele que nega a Deus.” Porém, qualquer pessoa que estudou um pouco de grego sabe que o significado das palavras não se limita a uma tradução simples, o significado das palavras gregas é muito mais amplo e representa muito mais coisas do que o limitado vocabulário português.

                Theos significa muito além de Deus, ele engloba todo o lado místico e espiritual. A noção de alma e espírito do cristianismo cai ali. A noção de espírito e entidades espíritas também está representada nessa palavra. A própria “energia do mundo” que os druidas antigos cultuavam cai na noção de Theos. Resumidamente, Theos seria tudo aquilo que não pode ser percebido pelos nossos cinco sentidos. Theos é o místico, o espiritual, o duvidoso, e o metafísico. Dessa forma, podemos chegar a conclusão de que Ateu não é somente a negação de Deus, mas sim a negação de tudo o que está além de nossos sentidos.

                Já agnóstico vem de “A gnosis”. Gnosis (de forma simplificada) seria conhecimento. O agnóstico afirma que é impossível conhecer. É uma postura de dúvida. O Agnosticismo pode acreditar ou não em Theos, mas sempre irá manter uma postura de dúvida perante todas as coisas que estão ao redor dele. Pode-se chegar a duvidar até mesmo da existência do mundo real. Até mesmo as “crenças” de um ateísta podem ser questionadas, uma vez que a única comprovação que ele possui são os sentidos. Agnóstico é o que duvida. Ele não ignora o conhecimento, ele só compreende que nunca poderá entendê-lo. Pode ser resumido pela frase de sócrates que diz: “Só sei que nada sei.”

                Resumindo e deixando claras as diferenças. O Ateu é a pessoa que nega a existência de Deus (Theos), e acredita que a única coisa que exista seja o mundo sensível.

                O Agnóstico é aquele que possui a dúvida sempre presente em sua vida. Ele não consegue “crer” em nada, uma vez que não tem certeza de nada. Para ele os sentidos não são tão confiáveis assim.

                Outra coisa que irei aproveitar para falar agora é que me falaram que existe uma postura chamada de Ateu Agnóstico. Bem, como a filosofia é feita de diálogo, eu irei fazer uma crítica a essa postura. Até porque o fato de que um filósofo inventou isso não quer dizer que eu devo seguir, e aceitar a existência dela. Ateu e agnóstico são coisas completamente diferentes e não podem ser complementares. O Agnóstico duvida até do mundo dos sentidos. Porém ele não fala em um nível de fé.

                A forma de não-crer dos dois são diferentes, é como se tentássemos comparar um católico com um Neo-Pentecostal. Eles são parecidos, acreditam em Jesus, mas a formas como vêem o mundo são inteiramente diferentes. Começando a Duvidar até mesmo da ciência e do mundo físico, a pessoa se torna um agnóstico, se o Ateu tiver essas duvidas, ele deixa de ser Ateu, e se torna agnóstico.

                Já se o Agnóstico não acredita em Deus (Theos) ele continua sendo um agnóstico. Se ele acreditar em Deus  (Theos) ele continua sendo agnóstico. A existência ou não desses tipos de fé, não o fazem deixar ou não ser o que ele é, uma vez que “A gnosis” é simplesmente a afirmação de que é impossível conhecer. Acreditar nesse algo é um ato de fé, mas não exclui o fato de que se é impossível conhecer.

Por isso que ser Ateu Agnóstico é impossível.

PS: Agnóstico Teísta é outra besteira.

Read Full Post »

                O que a palavra Ateu significa? Ateu é uma palavra oriunda do grego antigo que quer dizer “A Theos.” No grego moderno a tradução de Theos é simples, Theos significa Deus, então a tradução mais simples de o que é um Ateu seria “Aquele que nega a Deus.” Porém, qualquer pessoa que estudou um pouco de grego sabe que o significado das palavras não se limita a uma tradução simples, o significado das palavras gregas é muito mais amplo e representa muito mais coisas do que o limitado vocabulário português.

                Theos significa muito além de Deus, ele engloba todo o lado místico e espiritual. A noção de alma e espírito do cristianismo cai ali. A noção de espírito e entidades espíritas também está representada nessa palavra. A própria “energia do mundo” que os druidas antigos cultuavam cai na noção de Theos. Resumidamente, Theos seria tudo aquilo que não pode ser percebido pelos nossos cinco sentidos. Theos é o místico, o espiritual, o duvidoso, e o metafísico. Dessa forma, podemos chegar a conclusão de que Ateu não é somente a negação de Deus, mas sim a negação de tudo o que está além de nossos sentidos.

                Eu adoro discutir sobre religião. Para as pessoas que me seguem no twitter poderão perceber isso. Eu adoro conhecer o máximo possível das formas de crer e de descrer também. Na internet eu acabo lendo muitos blog de Ateus que até mesmo são interessantes, mas eu acho três coisas em comum entre todos eles.

1) Eles defendem a dúvida e o questionamento;

2) Eles tem certeza na inexistência de Deus;

3) A ciência e a razão são colocados no topo.

                Eu não sei quanto a vocês, mas eu vejo certo problema entre essas duas primeiras premissas. Vejamos bem, quem duvida de tudo, não tem certeza de nada. Mesmo assim, a certeza na inexistência de Theos é argumentada ferozmente. Ora, a pessoa que duvida não terá certeza de nada. E eles tem certeza na inexistência de Deus. Logo, ou eles não duvidam ou tem algo muito comum em diversas religiões: fé.

                Muitos já me comentaram que a fé consiste em acreditar em algo na qual não se pode ter certeza da existência. Vejam bem, eu resumiria diferente. Fé é acreditar em algo que não se pode ter certeza. Agora me permitam fazer algumas perguntas retóricas, não respondam elas, pensem realmente, reflitam e verão que a resposta não é tão simples assim. Como se pode ter certeza da inexistência de Deus (Theos)? Em um campo metafísico a falta de evidências sensíveis não prova a existência ou inexistência de algo. Deus (Theos) é um assunto essencialmente metafísico, logo, utilizar os sentidos e a tão estimada ciência para argumentar a favor ou contra não quer dizer absolutamente nada.

                Irei expor de outra forma. Imaginem um ser humano. Esse ser humano sofreu um acidente e perdeu os cinco sentidos. Ele não vê nada, não escuta nada, não sente nada não sente cheiros ou gostos. Para ele a vida se tornou um poço vazio. Ele tem consciência de si, mas não das pessoas ao redor dele. Você decide visitá-lo. Da ultima vez que verificou, tu és uma pessoa real, você existe não é mesmo? Acredito que sim. Mas para esse garoto que nunca te conheceu, nunca te sentiu, e não te sente ao lado dele, você não existe. Então isso quer dizer que você não existe realmente? Não. Você existe!

                Ou seja, ser incapaz de sentir algo, não prova a inexistência desse algo. Mesmo que esse garoto creia que tu não existas, tu continuarás existindo. Então sabendo disso, como é possível ter certeza na existência ou inexistência de algo ou alguém? Eis uma questão interessante. Irei me aprofundar mais. Sabemos que nossos sentidos são impulsos elétricos gerados em nosso cérebro. O que nos prova que não somos um cérebro em um jarro dentro de um laboratório, e todo o nosso mundo não é uma mera criação de alguns cientistas?

                Espera um pouco, isso quer dizer que não podemos ter certeza de nada! Exato. Se deixarmos a dúvida presente, as certezas que nos cercavam irão lentamente se esvair. Mas o que nos faz continuar acreditando no mundo, nas coisas que nos cercam, que nos dá certeza de alguma coisa? Fé.

                Para se questionar tanto e continuar acreditando que esse mundo é real mesmo, e continuar acreditando na inexistência de Deus (Theos) somente existem duas alternativas. Não se pergunta, e/ou tens fé. E porque mais fé que um religioso? Ora, pois um religioso muitas vezes não se pergunta a respeito de nada, e por isso a fé dele é frágil. Já o Ateu se questiona, muito, e continua tendo certezas, por isso que a fé dele é muito maior. Sinceramente, eu admiro todos vocês, que questionam e ainda tem certezas.

Considerações finais: Para se aprofundar um pouco nesse tema, eu recomendo um outro texto que escrevi aqui no Blog. “O problema dos Universais” que trata justamente sobre o que é possível conhecer ou não. https://sentadonalua.wordpress.com/2011/12/04/o-problema-dos-universais/

Segunda consideração: Se você é Ateu e se ofendeu, se por acaso quiser me xingar, ou discutir comigo, eu te recomendo duas coisas. Primeiro leia meu texto A crítica para os Pseudo-Ateus https://sentadonalua.wordpress.com/2011/10/03/critica-aos-pseudo-ateus/, talvez o chapéu sirva. Depois disso, exponha a cara e fale comigo no Twitter @FilosofoDepre. Caso ache 140 char limitados, use o site twitlonger.com

Comentários, críticas, sugestões, convites para jantares podem ser feitos também pelo twitter, sempre estou por lá, sempre leio as mentions e as procuro responder de alguma forma. Eu tive que fazer dessa forma pelo fato de receber muitos comentários inapropriados aqui no blog. Quando a pessoa tem que mostrar a cara para argumentar ela parece que foge com o rabo entre as pernas.

Read Full Post »

Texto escrito em parceria com @pequenasophia

 

O problema dos universais, de certo ponto de vista, existe desde o tempo dos pré-socráticos, porém somente em Platão o mesmo passou a apresentar uma estrutura coerente de pensamento, representada pela teoria das ideias. A categorização do conhecimento em uma parte sensível e outra inteligível abriu uma porta por onde vários filósofos posteriores vieram a passar.

Para que conheçamos algo, é necessário que este algo seja “captado” por nós através da experiência sensível, porém somente estes dados não são suficientes para que sejamos capazes de discernir sobre o que se trata o objeto em sí. Para que identifiquemos o objeto, precisamos de conceitos. Um conceito é uma representação abstrata deste algo, extraída através da experiência sensível, que possui um caráter geral e universal, se tornando um termo comum a muitos singulares, porém sem designar nenhum em particular.

A problematização da chamada “Querela dos Universais” começa com Porfírio, no prefácio da sua “Isagoge”, onde ele questiona a posição Aristotélica perante a Platônica, sobre o fato de se, os assim chamados universais, são realidades inatas ou apenas abstrações de nossa mente.

Uma coisa fica aparentemente clara, esse problema está ligado às seguintes questões: o que é possível sentir e o que é possível abstrair disso. Duas das faces mais exploradas do problema são as que dizem respeito aos campos teológico e/ou do cotidiano, em como seria possível definir o que era “Homem” ou um “Animal”, até mesmo qual seria o conceito de “cadeira” e se essa ideia perfeita de uma cadeira existia em algum lugar ou seria apenas um nome em nosso intelecto.

A grande questão é que além de coisas passíveis de serem sentidas, existem outros conceitos, tais como o Amor, o Poder, a Justiça e o Ódio, que não possuem um representante fenomenológico passível de ser captado diretamente pelos sentidos. Sua existência se dá apenas por conceitos. Será que existe um conceito verdadeiro dessas palavras abstratas, ou seriam apenas processos químicos que se desencadeiam em nosso cérebro, de modo a nos “enganar”?

O grande problema desses conceitos abstratos é que sem uma experiência sensível é quase impossível saber se eles realmente existem. Será que o conceito de amor foi apenas uma confusão sensorial com a paixão que se propagou desde a antiguidade? Será que a existência do poder seja falsa e existe uma outra força que rege as relações humanas hierárquicas?

Uma outra linha de pensamento dos universais se apresentava como o nominalismo(defendido por Roscelin de Compiègne). Afirmavam que a existência de conceitos universais não existia, que tudo não passava de palavras sem existêcia real. Que elas não passavam de um resultado da percepção particular das coisas. Ao mesmo tempo, esses conceitos abstratos como a justiça, por exemplo, não são passíveis de serem sentidos nem mesmo no campo particular, uma vez que ela muda dependendo do caso que a envolva.

O que é possível conhecer? Essa se torna a grande pergunta. Se limitarmos o que é possível conhecer somente aos nossos sentidos, muitos dos conceitos abstratos irão se perder. O conhecimento não está somente ligado aos nossos sentidos, e também não é ligado a apenas o que podemos perceber. O conceito de Amor, de Justiça pode não ser presenciável, mas ao mesmo tempo, a falta de evidências não prova a não-existência deles. Assim como Santo Anselmo provou Deus afirmando que a existência da palavra implicaria na existência da entidade, a existência de um conceito de Amor que se aproximaria da ideia perfeita sobre ele talvez demonstre que ele pode ser apresentado como existente. Mesmo tendo passado tanto tempo e com todo o avanço da ciência, a única certeza que podemos afirmar é aquela enunciada por Sócrates: “tudo que sei é que nada sei”.

Read Full Post »

  Comprar, consumir, ter, mostrar, ganhar, parecer. O fato é: estamos na era do consumismo absurdo. Nunca satisfeitos, procuramos por cada vez mais algo que possa nos tornar completos. Sentir mais e mais sensações novas. Vivemos em uma época onde essas sensações estão plugadas em cinco canais de vida com som surround. Não temos mais tempo para aproveitar as coisas simples, as bobagens e as besteiras que a vida tem. Não temos mais como dar um simples passeio no parque. Temos também que escutar música enquanto comemos alguma coisa e conversamos com alguém.

  Eu acredito que exista uma ilusão nessa liberdade que nosso tempo nos dá. Essa liberdade não nos leva a sermos mais de nós mesmos, mas sim, limita cada vez o potencial interno que cada individuo pode possuir. Uma ilusão de que podemos fazer aquilo que bem entendemos. Mas, de repente, os dias passam por entre nossos dedos e nada foi concretizado. Nossa geração nunca foi tão livre e, ao mesmo tempo, nunca vimos um tempo com tanta discussão sobre qual é o valor real das coisas ao nosso redor. Se a geração de nossos pais foi chamada de “geração CokaCola” Vivemos na geração “Miojo Lamen”: Onde tudo é para ontem, até mesmo relações humanas tem essa duração de 3 minutos.

  Tudo tem um preço. Podemos até mesmo comprar pessoas. Vivemos um tempo em que investimos muito tempo e dinheiro para acariciar nossos egos, nosso sentimento narcisista. O fazemos adquirindo coisas, bugigangas, nos preocupamos com nossa saúde de forma extrema, vamos para a academia, nos tornamos belos. Exibimos para todos nosso ego inflado, nossa casca. Esse tipo de desejo sempre vai ser subjugado. Sempre vai existir uma nova coisa. Um novo produto, uma nova tecnologia. Um novo problema de saúde! E por mais que possamos fazer essas coisas, que possamos ter coisas, ainda existe um vazio imenso em nosso peito.

Isso por que, a meu ver, ocorre uma inversão de valores: Amamos coisas e usamos pessoas. O amor verdadeiro passa a ser um sentimento relativizado, sem grande importância. Esta falta de amor provoca um vazio que jamais poderá ser preenchido por coisas materiais, coisas que se pode apalpar.

  A boa notícia: Isso pode acabar. Mas só depende de você. Existe uma forma de preencher esse vazio. Estar pleno, realizado, nunca será o resultado de coisas materiais, mas sim da felicidade com a vida, com as amizades, com os relacionamentos, com a profissão. Aquela pessoa que encontrou alguém para amar e é correspondido – Me refiro ao amor verdadeiro, pois muitos relacionamentos acabam sendo do tipo “miojo” acabando rapidamente. – Coisas desse tipo não se compram. Só existem. Devem ser conquistadas e, diferente daquelas que se compram, requerem vontade, disposição, dedicação.

  Que tal dar aquele passeio no parque, mas só o passeio no parque? Rir de alguém enquanto tomam um sorvete; Admirar as estrelas; Gargalhar; Falar besteiras; Imitar uma criança? Quando foi a última vez que fizeram isso sem medo de serem repreendidos? O problema é que os aspectos materiais da vida são levados a sério demais. E se os levamos a sério demais, corremos o risco de no final nos arrependermos. Mas existe uma esperança: Primeiro tomar consciência. Depois, acreditar na capacidade de mudança inerente a cada indivíduo e tornar-se, por si só, parte dessa mudança, fazendo novas e boas escolhas.

Read Full Post »

« Newer Posts